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Economia da África do Sul ainda é forte apesar da crise

Mike Cohen

13/09/2016 10h51

(Bloomberg) -- À primeira vista, a África do Sul parece estar em um beco sem saída, atolada em uma crise política e em uma estagnação econômica que estão revertendo muitas das conquistas alcançadas com dificuldade em 22 anos de comando multirracial.

O presidente Jacob Zuma, que pulou de um escândalo a outro, está disputando o controle do Tesouro Nacional com seu ministro das Finanças. Autoridades do governo e do partido governante estão em pé de guerra por causa da política monetária, das nomeações e das acusações de nepotismo.

E o risco de que a nota de crédito do país seja rebaixada para o grau especulativo até o fim do ano está aumentando, porque os conflitos internos fazem com que as iniciativas para estimular o crescimento e combater o desemprego percam a força.

No entanto, nem tudo está perdido para a economia mais industrializada da África. No mês passado, o país realizou sua décima eleição confiável consecutiva desde o fim do apartheid e ela anunciou a chegada da verdadeira competição política, porque o partido governante Congresso Nacional Africano perdeu o controle de cidades importantes.

Zuma, que deve deixar o poder em 2019 após dois mandatos, o máximo permitido, foi controlado por uma oposição expressiva que garantiu uma ordem do Tribunal Constitucional que o obriga a devolver aos contribuintes os recursos gastos em sua casa particular.

"A economia está muito mais resistente do que as pessoas acham", disse Dave Mohr, que ajuda a administrar 110 bilhões de rands (US$ 7,6 bilhões) como diretor de estratégia da Old Mutual Multi-Managers, com sede na Cidade do Cabo.

"Conseguimos evitar uma recessão completa apesar da queda dos preços das commodities, do ajuste da política monetária, da pior seca de que se pode lembrar, da hostilidade do contexto internacional e de todas essas incertezas em relação à política e à política econômica. Continuaremos aqui depois que toda essa turbulência acabar".

Além de ter uma democracia turbulenta, a África do Sul também conta com as melhores conexões de transporte e oferta de energia da África, além de um sistema financeiro que é considerado um dos melhores do mundo pelo Fórum Econômico Mundial, com sede em Genebra.

A empresa de contabilidade EY classificou o país como o destino mais atraente para o investimento estrangeiro direto na África no ano passado e os níveis de endividamento do governo e o déficit orçamentário estão dentro dos limites recomendados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, com sede em Paris.

Robert Jeffrey, diretor administrativo e economista sênior da consultoria Econometrix, com sede em Johannesburgo, considera que a vontade política é essencial para que a África do Sul atinja seu potencial econômico.

"Nenhum dano é irreparável", disse ele. "No momento, a agitação e a indecisão política estão afetando fortemente os investidores. Mas se algumas decisões certas forem tomadas isso poderia gerar confiança e os investidores voltariam".