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Idosos podem adoecer por serem alvo de piadas em Hollywood

Jeff Green e Anousha Sakoui

13/09/2016 15h01

(Bloomberg) -- Hollywood não discrimina apenas por gênero e raça, mas também por idade - e isso pode reduzir a vida de idosos pouco representados, que tendem a ser o alvo de piadas ao invés de ocuparem papel de estrelas no cinema, mostra uma nova pesquisa.

Dos 100 filmes de maior arrecadação de 2015, apenas 11% dos personagens tinham 60 anos de idade ou mais, menos que a proporção desta faixa etária na população dos EUA, que é de 18,5%, de acordo com o estudo realizado pela Universidade da Carolina do Sul (USC) e a Humana.

Dos 57 filmes com um protagonista ou personagem coadjuvante idoso, 30 incluem comentários discriminatórios em relação à idade, segundo Stacy Smith, diretora da Media, Diversity & Social Change Initiative da Escola Annenberg de Comunicação e Jornalismo, da USC.

Essa pesquisa é mais uma evidência da falta de diversidade no cinema, de acordo com os autores. A USC também publicou estudos sobre gênero que mostram que as mulheres são pouco representadas, tanto na tela quanto por trás das câmeras, apesar do sucesso que os filmes conduzidos por mulheres obtêm na bilheteria. Apenas oito dos 100 principais filmes do ano passado foi dirigido por mulheres, e somente uma delas tinha 60 anos ou mais, afirmou Smith.

"Vozes estão surgindo atualmente em defesa dos negros, das mulheres, da comunidade LGBT, das pessoas com deficiências, e elas estão dizendo claramente que querem ser vistas e escutadas nas representações culturais", disse Smith em entrevista. "Temos a oportunidade de garantir que não estamos perpetuando estereótipos negativos que podem provocar consequências negativas com o tempo".

Representação de idosos

A representação dos idosos na cultura popular pode influir na saúde deles, disse Yolangel Hernandez Suarez, vice-presidente e diretora médica executiva de assistência médica da seguradora de saúde Humana.

Os idosos com uma visão otimista sobre seu lugar no mundo percebem a si mesmos como 12 anos mais jovens que sua idade biológica e afirmam que se sentem mal menos de três dias por mês, de acordo com a pesquisa. Os idosos com uma visão pessimista se sentem sete anos mais velhos e se sentem mal 13 dias por mês, disse ela.

"Entre os idosos, estereótipos problemáticos em relação à idade podem ter um efeito adverso do curto prazo sobre diversos aspectos, como o estresse cardiovascular, os exercícios para a memória ou até mesmo a caligrafia", concluiu o estudo.

Os idosos "não veem a si mesmos no futuro porque estão ausentes nos filmes e em outros aspectos da cultura em nossa sociedade", disse Suarez. "Existe uma oportunidade em representar os idosos e pessoas envelhecendo bem na cultura popular porque isso configura um ciclo virtuoso adequado".

"Esse público está mal atendido", disse Paul Dergarabedian, analista de mídia sênior da ComScore. Pessoas entre 18 e 24 anos "sempre foram a faixa etária mais cobiçada, e isso se reflete em muitos conteúdos".