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Mineradoras buscam plano para enigma do crescimento chinês

David Stringer

13/09/2016 12h17

(Bloomberg) -- A Rio Tinto, segunda maior mineradora do mundo, já não tem certeza quanto ao futuro do crescimento da China, sua maior cliente. E não é a única.

A demanda de curto prazo da China continua difícil de compreender, disse o CEO da Glencore, Ivan Glasenberg, no mês passado, depois que as maiores mineradoras foram pegas de surpresa neste ano pelo estímulo chinês que ampliou a demanda por matérias-primas, elevando os preços após cinco declínios anuais seguidos. A Rio agora considera as metas de longo prazo inúteis e elaborou uma série de possíveis cenários de crescimento, com títulos como "Mal-estar na China" e "Aos trancos e barrancos", segundo o CEO da empresa, Jean-Sebastien Jacques.

"Não se trata de uma tentativa de prever o futuro, e sim de se preparar para qualquer futuro -- foi nesse ponto que as empresas de mineração e metais se equivocaram no passado", disse o líder do setor global de mineração e metais da EY, Miguel Zweig, em resposta por email. "O crescimento da China, que é crucial para os preços, é difícil de antecipar".

Com a perspectiva turva, a Rio, que recebeu cerca de 42 por cento das receitas do primeiro semestre da China, se afastou de sua projeção de que a produção de aço do país subirá até 2030 até atingir um pico de cerca de 1 bilhão de toneladas. O principal economista da BHP Billiton disse neste mês que os exportadores de minério de ferro foram apanhados pelos preços mais elevados, enquanto a Glencore contabilizou no mês passado um prejuízo de US$ 395 milhões depois de fazer hedge para a produção futura de carvão antes do rali gerado pelo aumento das importações chinesas.

Planejar-se para vários cenários de crescimento da China seria uma medida positiva para as mineradoras, assim como os sinais de que elas estão preparadas para reagirem mais à oferta, disse Tim Murray, sócio-gerente da J Capital Research, que é focada na China, por telefone, de Sidney. Devido à incerteza em relação aos preços, os produtores deverão aumentar a produtividade e continuar revisando os portfólios para se concentrarem nas commodities e nas regiões mais importantes, segundo Zweig, da EY, de São Paulo.

A Glencore está monitorando de perto a demanda da China por commodities e também os ajustes do país à produção de carvão para tomar decisões sobre sua produção, disse Glasenberg no mês passado. A equipe de marketing da BHP, incluindo profissionais que trabalham na China, "têm ordens de desafiar as visões atuais", disse o presidente de marketing e oferta da produtora, Arnoud Balhuizen, em entrevista coletiva, em Cingapura, em 2 de setembro. "Queremos considerar uma série de cenários, por mais incômodos que às vezes eles possam ser".