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Como a China está reformulando correlações de mercados na Ásia

Sid Verma

14/09/2016 12h43

(Bloomberg) -- Qual o peso da influência da China nos ativos asiáticos?

Investidores em busca de uma resposta a esta pergunta têm alguns números novos para analisar.

Nos últimos anos, o peso cada vez maior da China no comércio e nas finanças reforçou correlações nos mercados acionários e cambiais na Ásia, fato que desafiou as estratégias de diversificação para os investidores pelo surgimento de circuitos de retroalimentação novos e cada vez mais complexos.

Dois estudos recentes revelam como outros mercados acionários passaram a receber impulso da China - um lembrete da vulnerabilidade da região a um ressurgimento dos temores do mercado pela base econômica chinesa.

Na segunda-feira, um relatório do Banco de Compensações Internacionais (BIS) - que segundo seus autores é a primeira tentativa de examinar sistematicamente o impacto da China nos mercados financeiros asiáticos com modelos de regressão - concluiu que a influência do país nos mercados acionários regionais atingiu um nível próximo dos EUA em períodos sem dificuldades financeiras.

O estudo, escrito por Chang Shu, Dong He, Jinyue Dong e Honglin Wang, concluiu que a taxa de câmbio do yuan em relação ao dólar também impulsiona cada vez mais a perspectiva para as moedas da região.

Os resultados refletem um relatório publicado pelo FMI no mês passado, que mostrou que os movimentos conjuntos dos mercados acionários e cambiais da Ásia e da China saltaram desde a crise financeira global (com a notável exceção dos mercados de títulos, por causa de sua natureza relativamente fechada na segunda maior economia do mundo).

Em resumo, a China é o novo Japão, conclui o relatório do FMI, em referência à influência regional da China nos mercados cambiais e acionários.

Correlações em alta

À medida que os mercados de capitais se tornam mais globalizados, as correlações aumentaram naturalmente nos últimos anos, exacerbadas por estratégias de tomada e rejeição de riscos, carry trades, técnicas de arbitragem com ativos cruzados e o comportamento de manada dos investidores estrangeiros em mercados emergentes.

No entanto, os dois estudos adotam um tom diferente e atribuem a alta das correlações nas classes de ativos da região a mudanças na dinâmica da economia real na China.

Movimentos na taxa de câmbio e no mercado acionário chinês têm impacto estatisticamente importante nos pares regionais porque "os acontecimentos econômicos e financeiros na China afetam a avaliação dos investidores da região como um todo e os fluxos de fundos para a região como um todo", escrevem os autores do relatório do BSI.

Os autores concluem que: "semelhante crescimento da influência da China pode se dever a certa alta das ligações financeiras entre a China e as economias asiáticas.

Contudo, no nível atual de abertura da conta de capital da China, é mais provável que isso reflita a importância da China na economia real, de modo que o que acontece nos mercados financeiros da China pode ser interpretado como choques para sua economia real e assim pode orientar a confiança do investidor para os mercados financeiros regionais".

Contudo, os choques dos papéis chineses não influem nos mercados regionais de renda fixa, por causa da função modesta do yuan no financiamento transfronteiriço e da conta de capital do país, que ainda está relativamente fechada, conclui o estudo.

Com um tom similar, o relatório do FMI observa que o crescente movimento conjunto dos mercados asiáticos e chineses, nos mercados acionários, cambiais e de títulos, está em linha com a crescente correlação dos ciclos de negócios asiáticos.