IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

A internet está tirando o brilho dos salões automotivos

Elisabeth Behrmann e Benjamin Katz

15/09/2016 11h29

(Bloomberg) -- A Ford e a Rolls-Royce estão entre as empresas que não participarão do Salão do Automóvel de Paris, evento antes imperdível que hoje sucumbe às mudanças que afetam a indústria automotiva.

Em vez de investirem milhões de dólares para levar consumidores a centros de exibição lotados, as fabricantes de veículos estão abordando os clientes onde eles gostam de passar o tempo -- no Instagram, nos blogs e na praia.

"Havia uma sensação de que era preciso estar em todos os salões automotivos", disse Andy Palmer, CEO da Aston Martin, outra empresa que está esnobando o evento de Paris do fim do mês. "Mas às vezes há formas melhores de fazer isso do que simplesmente sempre gastar dinheiro em um salão após o outro".

A Volvo Cars também não estará em Paris porque está se retirando dos salões de todo o mundo para se promover de forma mais direta aos consumidores.

A maior parte dos principais executivos da BMW estará em uma reunião de conselho discutindo estratégias para os carros elétricos em vez de alardear os modelos disponíveis agora. A Volkswagen conterá os gastos no salão, dispensando o seu opulento evento de gala Group Night e o estande para sua unidade de supercarros Lamborghini.

A participação em uma exibição de carros pode custar milhões de dólares porque as marcas tentam superar umas às outras.

A Audi investiu mais de 10 milhões de euros (US$ 11,2 milhões) para montar um pavilhão temporário, com pista indoor, no salão de 2011 em Frankfurt, que alterna com Paris como o evento anual mais celebrado do setor na Europa. Celebridades como Justin Timberlake muitas vezes são contratadas para aparecer em salões automotivos e os estandes normalmente oferecem uma série de brindes aos visitantes.

Praia de Porto Cervo

A Ford informou que está "adotando uma nova abordagem de marketing na França", convidando os consumidores a realizarem test drives de um dia pelo país neste verão europeu em vez de exibir seus veículos no Salão de Paris.

A terceira maior marca automotiva da Europa está ampliando em 50% os investimentos nesse "marketing de experiência" neste ano e também está investindo mais tempo em eventos focados em tecnologia, como a conferência de inovação digital Le Web, em Paris.

Neste verão europeu, a Rolls-Royce ofereceu aos fãs coquetéis, test drives e eventos de moda na praia da elegante baía de Porto Cervo, na Sardenha, Itália. Alguns eventos foram feitos sob medida para blogueiros e instagramers que depois compartilharam fotos, vídeos e opiniões online.

Os salões automotivos certamente continuam atraindo muitos fãs de carros. O Salão de Detroit de 2016, o maior da América do Norte, recebeu mais de 815 mil pessoas, maior público desde 2003.

Frankfurt registrou alta na venda de entradas em 2015 na comparação com o evento anterior e o Salão de Paris de 2014 atraiu 1,25 milhão de visitantes, transformando-se no evento mais popular do setor. A edição deste ano atrairá marcas como Mercedes-Benz, Ferrari e Jaguar. Mas a movimentação nos estandes não necessariamente se traduz em vendas.

"Estamos revisando nossa estratégia" em relação à participação nos salões automotivos, disse um porta-voz da Lamborghini por email. "O mundo está mudando continuamente" e a fabricante de supercarros "pretende se antecipar a essas mudanças".