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Fortuna do Facebook ajuda a pressionar Fed a dar foco em emprego

Jeanna Smialek

15/09/2016 15h30

(Bloomberg) -- Quando Kendra Brooks saiu do bairro de baixa renda onde mora, na região norte da Filadélfia, para ir ao simpósio anual do Federal Reserve em Jackson Hole, Wyoming, a viagem foi bancada por um dos fundadores do Facebook.

Kendra percorreu os quase 3.380 quilômetros para pedir grandes mudanças no banco central dos EUA. Ela falou em nome do Fed Up, um conjunto de grupos comunitários organizados pelo Center for Popular Democracy, um centro progressista com sede em Nova York. Cerca de US$ 1,35 milhão do orçamento de 2016 de US$ 1,7 milhão da coalizão vem do Open Philanthropy Project, uma das organizações por meio das quais o bilionário Dustin Moskovitz e sua esposa Cari Tuna distribuem a fortuna que ergueram com o Facebook.

O dinheiro desse movimento tem por objetivo exercer influência no Fed, cuja tarefa é promover o máximo nível de emprego e uma inflação estável. O Open Philanthropy Project espera que o Fed Up leve a autoridade monetária a dar prioridade aos empregos -- especialmente quando ocorrer a próxima crise econômica, disse Alexander Berger, chefe de programa para a política monetária dos EUA. A iniciativa é oportuna, porque as autoridades do Fed estão debatendo se os juros deveriam aumentar para combater a inflação ou continuar baixos para que mais americanos voltem ao mercado de trabalho.

"O Fed Up nunca estará em posição de determinar a próxima medida de política monetária -- e nem deveria --, mas pode dar o apoio público visível de que os bancos centrais necessitam para responder de maneira mais efetiva na próxima recessão", disse Berger.

O grupo levou 120 membros a Jackson Hole em agosto, entre eles Kendra, e participou de uma reunião inédita com 11 importantes autoridades do Fed - entre eles o vice-presidente do Fed, Stanley Fischer, e o diretor do Fed de Nova York, William Dudley -- em um evento que foi transmitido pela internet.

O Fed Up argumenta que se um grupo de pessoas mais variado, racial e profissionalmente, definisse a política monetária, ele estaria mais sintonizado com os problemas de trabalho das minorias. Por isso o Fed Up está tentando conseguir que minorias, líderes trabalhistas e acadêmicos participem dos conselhos regionais do Fed, em vez de homens brancos de bancos comerciais e corporações. Parte dessa lógica é que conselhos com mais diversidade poderiam escolher presidentes regionais do Fed, que votam as políticas monetárias, também diversos.

Os críticos alegam que a iniciativa do Fed Up de tirar executivos do setor bancário e pessoas nomeadas por eles dos conselhos regionais do Fed poderia prejudicar a capacidade do banco central de definir a política monetária sem influência externa.

Título em inglês: Facebook Fortune Behind Push for Fed to Sharpen Focus on Jobs

Para entrar em contato com o repórter: Jeanna Smialek em Washington, jsmialek1@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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