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Juros baixos não aumentam desigualdade, segundo Bundesbank

Carolynn Look

19/09/2016 15h29

(Bloomberg) -- As alegações de que o afrouxamento monetário geram uma desigualdade maior são "muito duvidosas" e as taxas de juros baixas podem na verdade reduzir a disparidade de renda, mostra um estudo do Bundesbank.

"A afirmação, normalmente encontrada, de que as medidas de políticas monetárias aumentam a desigualdade não podem ser comprovadas", afirma a pesquisa do relatório mensal do banco central alemão, publicado na segunda-feira. "Ela deriva de observações baseadas em generalizações pouco confiáveis, omite efeitos de distribuição atrasados e não se baseia nos parâmetros de referência corretos".

As conclusões não serão facilmente digeridas na Alemanha, país de alguns dos mais expressivos adversários das medidas monetárias extremamente relaxadas do Banco Central Europeu, onde os críticos afirmam que os juros baixos expropriam os poupadores e levam à pobreza em uma idade avançada. O ministro das finanças alemão, Wolfgang Schäuble, disse no início do ano que o regime atual de política monetária gerou desconfiança entre as instituições europeias e deu combustível aos grupos populistas.

O presidente do Bundesbank, Jens Weidmann, um dos dois alemães do Conselho Governativo do BCE, lembrou a seus compatriotas anteriormente de que eles "não são apenas poupadores, são também empregados, contribuintes e devedores, e sendo assim se beneficiam do baixo nível das taxas de juros".

Impacto fraco

Parte do problema de fazer afirmações sobre a influência das políticas sobre a desigualdade, segundo o estudo, é que os bancos centrais geralmente respondem a determinados parâmetros econômicos -- tornando difícil distinguir quais efeitos decorrem de suas ações e quais são provocados pela economia. Para compreender o impacto também seria necessário saber como a situação poderia ter se desenvolvido sem as medidas de política monetária.

Valendo-se de uma série de estudos, o Bundesbank tenta mostrar que a política monetária geralmente provoca um impacto fraco sobre a desigualdade e que as taxas de juros baixas às vezes contribuem até para diminuir a diferença de ganhos.

As pessoas que negociam ativamente nos mercados financeiros podem se beneficiar das mudanças na taxa de juros, enquanto as famílias endinheiradas podem ficar em desvantagem. Simultaneamente, a queda do desemprego, que normalmente acompanha políticas expansionistas, beneficia em particular os escalões de baixa renda. Os empréstimos mais baratos também beneficiam os devedores.

O relatório pontua que a equidade de renda não pode ser a meta de um banco central que tem a obrigação de garantir a estabilidade dos preços, mas também não pode ser ignorada.

"A situação da distribuição impacta a efetividade das medidas monetárias", afirma. "É muito duvidosa a afirmação de que as medidas de política monetária expansionistas aumentaram a desigualdade geral nos últimos anos".

Título em inglês: Low Rates Don't Increase Inequality, Bundesbank Study Shows

Para entrar em contato com o repórter: Carolynn Look em Frankfurt, clook4@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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