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Shakira e outros VIPs pedem foco na educação

Peter Coy

19/09/2016 11h04

(Bloomberg) -- "Duzentos e cinquenta milhões de crianças e jovens estão fora da escola. Outros 330 milhões não estão aprendendo porque nós não investimos neles nem mesmo quando eles estão na escola."

É o que diz um relatório divulgado no domingo por uma comissão de notáveis que inclui a cantora Shakira, o fundador da Alibaba, Jack Ma, e o ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown.

Muitas crianças de países em desenvolvimento não estão tendo uma oportunidade no início de suas vidas, disse a comissão, reunida pelos presidentes do Chile, da Indonésia e de Malauí e pelo primeiro-ministro da Noruega.

Entre os comissários estão o ex-presidente mexicano Felipe Calderón e a ex-primeira-ministra australiana Julia Gillard; o economista de Harvard Lawrence Summers e a ex-primeira-ministra dinamarquesa Helle Thorning-Schmidt estão entre os diretores.

O relatório deles, "The Learning Generation: Investing in education for a changing world" ("A geração do aprendizado: investindo em educação por um mundo em transformação"), afirma que os empregos menos qualificados estão desaparecendo e calcula que o investimento de US$ 1 em um ano adicional de escolaridade -- em particular para as garotas -- "geraria ganhos e benefícios de saúde de US$ 10 em países de baixa renda e de cerca de US$ 4 em países de renda média-baixa".

É ampla a diferença de efetividade entre os sistemas educacionais dos países, apontou o relatório. O Vietnã e a Tunísia gastam fatias similares de seus produtos internos brutos em educação, mas "na Tunísia apenas 64 por cento dos estudantes foram aprovados na avaliação de aprendizagem secundária internacional, enquanto no Vietnã a taxa foi de 96 por cento", afirma o relatório.

Brown, que presidiu a comissão, disse em entrevista que os americanos, em particular, deveriam entender a importância da educação para a estabilidade geopolítica.

Há 200 milhões de jovens no Oriente Médio e no Norte da África que estão crescendo sem uma educação adequada, segundo ele. "Trata-se de uma receita que amplia o descontentamento", disse. "A diferença entre as expectativas deles e o que está sendo entregue é bastante ampla. (...) Penso que deveríamos nos preocupar com as implicações de segurança."

Há uma discussão interna nos círculos de desenvolvimento em relação ao que é mais importante, saúde ou educação. Há um ano, economistas de 44 países liderados por Summers, de Harvard, exortaram a Organização das Nações Unidas a priorizar a saúde, mas Brown afirmou que nos últimos 15 anos ou mais a ajuda à saúde aumentou, enquanto o auxílio à educação caiu.

"Acho que deveríamos voltar a enfatizar a educação", disse ele. "É a educação que desbloqueia os ganhos de saúde, emprego, meio ambiente e qualidade de vida. A educação é a chave da estratégia contra a pobreza."