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Índia desafia excesso mundial de aço com boom de produção

Swansy Afonso e Archana Chaudhary

20/09/2016 11h42

(Bloomberg) -- Em um momento em que o excesso está forçando siderúrgicas do mundo inteiro a fecharem, os endividados produtores da Índia estão aumentando a produção para fornecer mais aço do que nunca.

A Steel Authority of India, a Tata Steel e a JSW Steel -- que registraram prejuízos no ano passado -- têm como meta uma produção recorde em 2016 e pretendem quase triplicar a capacidade durante a próxima década.

As empresas esperam que a demanda no terceiro maior país produtor do mundo quadruplique o nível atual porque o primeiro-ministro Narendra Modi está dando início a enormes investimentos em novas ferrovias, estradas e portos, com US$ 44 bilhões prometidos para este ano.

Apostar em um boom da construção tem seus riscos. A produção de aço continua excedendo a demanda estagnada. O governo precisou respaldar os preços em queda e limitar as importações mais baratas.

E o país pode não ter centrais elétricas suficientes para fornecer a eletricidade de que o setor expandido necessitaria. Mas os investidores estão otimistas. As ações da JSW e da Tata dispararam e o BSE India Metal Index, do Standard & Poor's, caminha para seu maior ganho anual desde 2009.

"Para as companhias siderúrgicas, aumentar a produção é uma jogada ambiciosa e uma decisão estratégica", disse Gunjan Aggarwal, analista da empresa de pesquisa de commodity CRU Group, em entrevista por telefone de Mumbai. "Elas estão tentando recuperar o terreno que perderam para as importações nos últimos dois anos aproximadamente".

Assim como os grandes mercados de aço nos EUA e na Europa, a Índia foi inundada por ofertas baratas da China, o maior produtor e exportador.

Embora a demanda indiana tenha dobrado na última década porque a economia cresceu, o país ainda produz mais do que consome. Importações recorde derrubaram os preços do aço em janeiro para o valor mais baixo em seis anos. Por causa dessa queda, JSW, SAIL e Tata, os maiores produtores, registraram prejuízos durante o ano fiscal finalizado em 31 de março.

Para ajudar o setor local, em agosto o governo estendeu em dois meses os limites de preço mínimo das importações e impôs tarifas antidumping para o aço de grandes fornecedores, como China, Japão e Coreia do Sul.

O país poderia ampliar a cesta de produtos sobre os quais recai um imposto antidumping para acabar com a entrada de ofertas mais baratas, disse Aruna Sharma, secretária do Aço, a jornalistas em Nova Déli na terça-feira.

As importações, que atingiram o pico histórico de 11,7 milhões de toneladas no ano fiscal finalizado em março, provavelmente cairão para 7 milhões de toneladas ou 8 milhões de toneladas neste ano, de acordo com a JSW Steel, que reportou um lucro recorde no trimestre de abril a junho, quando reduziu os custos e aumentou a produção.