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Indústria da música finalmente ganha dinheiro com streaming

Lucas Shaw

20/09/2016 13h17

(Bloomberg) -- Após quase duas décadas de declínio implacável causado pela pirataria e pela queda dos preços, a indústria musical desfruta de uma frágil recuperação graças ao crescimento de serviços de streaming pagos, como Spotify e Apple Music.

Os gastos no varejo com músicas gravadas cresceu 8,1 por cento, para US$ 3,4 bilhões, no primeiro semestre de 2016, segundo a versão preliminar de um relatório semestral da Associação da Indústria Fonográfica dos EUA (RIAA, na sigla em inglês) obtido pela Bloomberg News. Isso significa que a indústria dos EUA caminha para um segundo ano consecutivo de expansão -- primeiro período de dois anos de crescimento desde 1998-1999.

O mérito é do streaming -- os serviços de internet que oferecem ao público acesso sem propagandas a milhões de músicas em troca de uma tarifa mensal, ou gratuitamente, se o usuário estiver disposto a escutar anúncios. A receita com streaming cresceu 57 por cento nos EUA, para US$ 1,6 bilhão, no primeiro semestre de 2016, e respondeu por quase metade das vendas do setor, mais que compensando a queda nas aquisições de álbuns e singles. As assinaturas totalizaram US$ 1,01 bilhão, segundo dados da RIAA.

"Estamos começando a ver o streaming de música sob demanda não mais como coisa de universitários hipsters e de jovens", disse Larry Miller, ex-executivo do setor, atualmente professor de Negócios da Música na Universidade de Nova York.

A RIAA não respondeu a um pedido de comentário.

Os resultados podem ser observados nas finanças das grandes empresas fonográficas. A Universal Music, que pertence à Vivendi, divulgou crescimento no primeiro semestre, e as vendas da Warner Music, de propriedade do bilionário Len Blavatnik, cresceram 8,5 por cento no período de nove meses que terminou em 30 de junho, para US$ 2,41 bilhões, segundo relatórios. A Sony Music Entertainment também informou ganhos em seu último trimestre.

Com cautela

O setor reluta em declarar vitória. As vendas anuais ficaram em torno de US$ 7 bilhões por seis anos, menos da metade do pico registrado em 1999, segundo dados da RIAA. As gravadoras, por sua vez, ainda negociam novos contratos com o YouTube, do Google, e com o Spotify, dois dos maiores provedores de músicas gratuitas do mundo.

Embora as receitas do streaming com anúncios e sob demanda tenham crescido 24 por cento no primeiro semestre de 2016, para US$ 195 milhões, segundo o relatório da RIAA, esses serviços não estão se esforçando o suficiente para convencer as pessoas a pagar pela música e não captam dinheiro suficiente dos usuários que optam pelo serviço gratuito, dizem as gravadoras.

Enquanto isso, a aquisição de músicas, seja por meio de download ou em CD, continua em queda livre. As receitas com músicas em mídia física caíram 14 por cento e os downloads também encolheram a uma porcentagem de dois dígitos.