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Goldman, Morgan Stanley veem impacto menor do Fed em emergentes

Maria Levitov

21/09/2016 12h03

(Bloomberg) -- O fim de uma política monetária extremamente flexível nos EUA e no Japão deixou de ser o calcanhar de Aquiles dos mercados emergentes.

O Federal Reserve e o Banco do Japão estão analisando ajustes à política econômica nesta semana, o Morgan Stanley mencionou o Brasil e a Indonésia entre suas principais escolhas de moedas em uma nota na terça-feira e o Goldman Sachs incluiu a rúpia indiana em sua lista de favoritos para os próximos 12 meses. Esses países faziam parte dos "cinco frágeis" que, segundo alertou o Morgan Stanley há três anos, seriam os mais afetados pelos ajustes do Fed devido ao tamanho do déficit em conta corrente.

De lá para cá, o déficit médio desses cinco países, junto com a África do Sul e a Turquia, diminuiu de 4,4 por cento da produção econômica para 2,6 por cento. Isso, somado à previsão de que a recuperação do crescimento será mais acelerada no mundo em desenvolvimento do que nos países avançados, deixa os mercados emergentes menos suscetíveis em repetir o "taper tantrum" (reação de pânico com a perspectiva de o Fed reduzir compras de títulos) de 2013 se as autoridades monetárias do Japão e dos EUA suspenderem o estímulo.

Se o Fed aumentar os juros isso "vai afetá-los menos do que durante o taper tantrum por causa dessas melhorias fundamentais", disse Kamakshya Trivedi, chefe de estratégia macro para mercados emergentes do Goldman Sachs em Londres. "O principal aspecto que vejo é a melhora dos saldos".

Apesar de as probabilidades de o Fed elevar os custos de crédito nos próximos meses estarem crescendo, nas últimas 16 semanas entraram US$ 20,5 bilhões nos fundos negociados em bolsa que investem em ações e títulos do mercado emergente. Três anos atrás, os comentários do então presidente do Fed, Ben Bernanke, sobre uma iminente diminuição da compra de títulos colocada em prática após a crise financeira de 2009 foram seguidos por três anos de quedas das ações e moedas de mercados emergentes.

Outro motivo para o novo otimismo em relação aos países emergentes é a melhoria da perspectiva de crescimento, disse Trivedi. A expansão econômica nos países em desenvolvimento aumentará de 3,9 por cento neste ano para 4,9 por cento em média em 2017 porque a Rússia e o Brasil estão se recuperando da recessão, de acordo com uma pesquisa da Bloomberg.

"O crescimento melhorou em relação ao piso registrado em 2015 e também em relação aos mercados desenvolvidos", disse Trivedi.

"O ciclo de negócios dos mercados emergentes está se estabilizando em relação aos mercados desenvolvidos", disse John Lomax, estrategista do HSBC Holdings em Londres. "Vemos isso tanto no crescimento quanto nos números dos resultados corporativos".