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Opep não deve chegar a acordo para produção de petróleo em Argel

Grant Smith e Mark Shenk

21/09/2016 10h20

(Bloomberg) -- A Opep provavelmente não chegará a um acordo para limitar a produção de petróleo em Argel, na semana que vem, porque seus integrantes continuam concentrados em ampliar a produção ou defender participação de mercado, segundo pesquisa da Bloomberg.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que realizará negociações informais com a Rússia em 28 de setembro, enfrenta as mesmas rivalidades internas que frustraram o acordo anterior, em abril, segundo 21 entre 23 analistas consultados. O Irã e o Iraque têm sinalizado sua decisão de ampliar a produção, enquanto a líder do grupo, a Arábia Saudita, mantém uma oferta quase recorde.

"A Opep virou uma espécie de tigre banguela", disse Christoph Eibl, cofundador e CEO da gestora de ativos de commodities Tiberius Group, na terça-feira em entrevista à Bloomberg TV. "Os incentivos para os sauditas, para o Irã, são os mesmos: aumentar a produção".

O secretário-geral da Opep, Mohammed Barkindo, conteve as expectativas, dizendo que as negociações são para consulta e não para tomada de decisão. Contudo, a reunião programada elevou os preços do petróleo no mês passado com base na especulação de que os membros da organização ressuscitarão a proposta de congelamento da produção com a rival de mercado Rússia.

O presidente russo, Vladimir Putin, disse em 2 de setembro que os países produtores podem superar a disputa que tirou o acordo de abril dos trilhos, que fracassou porque a Arábia Saudita insistiu na participação do Irã.

Produção iraniana

O Irã, que estava apenas começando a restaurar sua produção após ser liberado de sanções internacionais, havia se recusado a participar. As chances de um acordo são melhores agora porque o Irã já está bombeando nos níveis anteriores às sanções, segundo o Natixis.

"Há uma grande janela de oportunidade para um congelamento", disse Abhishek Deshpande, analista-chefe de energia do Natixis, que ainda considera o acordo improvável. "Um esforço mais combinado para congelar a produção de petróleo nos níveis atuais para o próximo ano ajudará a oferecer estabilidade. O Irã provavelmente somará produção extra de todo modo".

O presidente iraniano, Hassan Rouhani, disse em 6 de setembro que ainda é "vital" para o país compensar a produção perdida durante os anos de sanções.

Isso significa elevar a produção para "pouco" mais de 4 milhões de barris por dia, contra 3,8 milhões atualmente, antes de entrar nas discussões sobre um limite, segundo Mohsen Ghamsari, diretor de assuntos internacionais da estatal National Iranian Oil.

A Opep poderá transformar sua reunião informal em Argel em uma sessão formal dependendo das discussões de antes ou durante o encontro, disse o ministro de Energia argelino, Noureddine Bouterfa, na terça-feira, em uma rádio pública. Os produtores precisam reduzir a oferta global de petróleo em 1 milhão de barris por dia para reequilibrar o mercado, disse ele.

O excedente global de petróleo durará mais do que o previsto anteriormente, persistindo até o fim de 2017 devido à desaceleração do crescimento da demanda e porque a produção se mostra resiliente, afirmou a Agência Internacional de Energia em 13 de setembro. No mês passado, a agência previa que o mercado começaria a se reequilibrar neste ano.