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Medidas de banco central desanimam otimistas com dívida chinesa

Bloomberg News

23/09/2016 13h06

(Bloomberg) -- Hoje em dia, otimistas em relação aos títulos da China estão reduzindo suas expectativas.

A Haitong Securities e a Shanghai Rationalstone Investment Management, que no mês passado projetaram que os rendimentos das notas de governos com vencimento em 10 anos atingiriam novos níveis mínimos recordes neste ano, agora dizem que não será ultrapassado o valor mais baixo em uma década, atingido em agosto. Os custos de financiamento estão aumentando graças a modificações feitas pelo banco central da China nos mercados monetários, enquanto que as autoridades estão se abstendo de flexibilizar a política agora para terem espaço de manobra quando o Federal Reserve (Fed) subir as taxas de juros, dizem os investidores.

O Banco Popular da China (PBOC, na sigla em inglês) começou a utilizar ferramentas de crédito de prazo mais longo no fim de agosto pela primeira vez em meses, o que alimentou a especulação de que as autoridades monetárias estivessem procurando reduzir a alavancagem no mercado de dívida. O mercado de títulos da China está prestes a registrar o décimo terceiro avanço trimestral consecutivo, uma sequência recorde de ganhos, segundo um índice compilado pelo Bank of America Merrill Lynch. A dívida diminuiu os avanços nos últimos 30 dias porque as mudanças do PBOC coincidiram com uma queda forte global dos títulos em meio aos sinais de que os bancos centrais na Europa e no Japão estavam questionando os benefícios da expansão de estímulo.

"As mudanças no mercado monetário estão mostrando que o período de mais estímulo já ficou para trás, portanto não vamos ver novos patamares mínimos para os rendimentos neste ano", disse Wang Ming, diretor operacional da Shanghai Yaozhi Asset Management, que administra 15 bilhões de yuans (US$ 2,2 bilhões) em títulos de renda fixa. "Vemos o ponto de inflexão para a liquidez tanto na China quanto no mundo".

Rendimentos

O rendimento para a nota soberana de referência com vencimento em 10 anos subiu para 2,75 por cento após ter caído para 2,64 por cento no dia 15 de agosto, o nível mais baixo desde que a Bloomberg começou a compilar dados da ChinaBond em 2006. O rendimento das notas do governo com vencimento em agosto de 2026 caiu dois pontos-base, para 2,74 por cento, nesta sexta-feira, segundo preços do National Interbank Funding Center.

O banco central da China começou a utilizar acordos de recompra reversa de 14 dias para injetar fundos no dia 24 de agosto, e contratos de um mês três semanas depois. Isso aumentou o custo médio dos fundos injetados no sistema financeiro em comparação com a utilização exclusiva de fundos de sete dias. O rali da dívida chinesa incrementou a demanda por alavancagem para amplificar os retornos, e as transações de acordos de recompra overnight atingiram o recorde de 52,3 trilhões de yuans em agosto, em comparação com uma média mensal de 31,8 trilhões de yuans no ano passado.

O rali dos papéis enfrenta a dupla ameaça de uma economia em estabilização que está diminuindo a necessidade de que o PBOC flexibilize a política monetária e a alta no custo dos empréstimos de curto prazo, segundo a Haitong, cuja equipe de pesquisa sobre renda fixa foi a primeira colocada no ranking da New Fortune Magazine no ano passado. No mês passado, a corretora disse que o rendimento dos títulos do governo com vencimento em 10 anos poderia cair para 2,5 por cento neste ano.

"A taxa de recompra de sete dias tem sido o piso para os títulos com vencimento em 10 anos desde 2015, portanto, se o PBOC não quiser reduzir os juros oferecidos nas operações de acordos de recompra reversa, será difícil que o rendimento da nota soberana com vencimento em 10 anos ultrapasse 2,5 por cento", disse Jiang, diretor da equipe da Haitong.