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Nova incerteza no yuan: a bolha do mercado imobiliário chinês

Bloomberg News

26/09/2016 09h12

(Bloomberg) -- Os preços astronômicos dos imóveis entraram na lista das incertezas acerca da moeda da China.

A alta desenfreada dos preços nas maiores cidades estimulará os investidores a procurarem alternativas mais baratas no exterior, tirando dinheiro da China e colocando pressão sobre o câmbio no processo, segundo análise de Harrison Hu, economista-chefe para a Grande China do Royal Bank of Scotland em Cingapura.

A “diferença maior entre os preços dos ativos nacionais e estrangeiros provocará saídas de capital e depreciação até que a paridade seja restaurada”, escreveu Hu em relatório. Ele afirma que o aumento de 30%, de um ano para o outro, dos preços nas cidades classificadas pelo governo como de primeiro nível e nas principais cidades de segundo nível implica alta de 25% em dólares, ultrapassando a elevação de 5% dos preços dos imóveis nas principais cidades dos EUA.

“A crença comum é que as autoridades da China sacrificarão a taxa de câmbio para evitar uma correção aguda dos preços dos imóveis internamente, porque o segundo fator prejudicará de modo mais significativo a economia e o sistema financeiro da China”, escreveu Hu.

Isso ocorre porque a importância do mercado imobiliário da segunda maior economia do mundo supera muitos setores de longe, incluindo o mercado acionário. Um colapso do setor imobiliário na China pode ter enormes consequências e, nessa eventualidade, os investidores tardariam a recuperar a confiança, segundo Hu.

As autoridades então ficariam em situação muito difícil. Embora o governo tenha algumas cartas na manga — como a possibilidade de controlar a oferta de terrenos e limitar a compra de novas residências —, a história mostra que algumas medidas de aperto podem sair pela culatra e apenas estimular comportamento especulativo, como a “compra por pânico” vista em Xangai no início deste ano.

Além disso, a forma como as autoridades lidaram com a turbulência no mercado acionário no ano passado não inspirou muita confiança na capacidade do governo de controlar a bolha do mercado imobiliário.

“Nenhuma bolha tem final feliz”, escreveu Hu.