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Trump pode prejudicar títulos emergentes, afirma Aberdeen

Denise Wee e Lianting Tu

27/09/2016 12h13

(Bloomberg) -- Uma possível presidência de Donald Trump nos EUA poderia prejudicar os títulos de mercados emergentes como China e México ao lesar o comércio global, segundo a Aberdeen Asset Management Asia.

O candidato republicano, que enfrentou a democrata Hillary Clinton em debate pela primeira vez, propôs medidas protecionistas, como tarifas punitivas sobre importações chinesas e a construção de um muro na fronteira dos EUA com o México. Trump está atrás de Hillary em intenções de voto por apenas 1,6 por cento na média de pesquisas nacionais The Real Clear Politics. O estreitamento da diferença entre Hillary e Trump já contribuiu para a queda dos preços dos títulos do Tesouro dos EUA, aparentemente beneficiou o dólar e prejudicou as moedas de mercados emergentes, segundo o Société Générale.

Taxas de juros próximas de zero nos EUA, na Europa e no Japão provocaram uma caçada por rendimentos e levaram os investidores a injetarem dinheiro em ativos de maior risco. No debate, Trump atacou o banco central (Federal Reserve) e disse que a manutenção de juros baixos tinha motivação política, uma acusação que a presidente do Fed, Janet Yellen, negou repetidas vezes. Os títulos denominados em dólares emitidos por países emergentes deram retorno de 11,1 por cento neste ano, o maior desde 2012, segundo índices do Bank of America Merrill Lynch. Uma vitória de Trump em novembro poderia virar o jogo, segundo Donald Amstad, diretor da Aberdeen Asset Management.

"A China tem sido enorme beneficiária da globalização e, se Trump for eleito, não acredito que a globalização continue avançando no mesmo ritmo de antes", disse Amstad. "Trump representa os trabalhadores americanos que perderam seus empregos para os trabalhadores chineses."

Riscos do Fed

Trump atacou o comércio com a China e com o México no debate, assim como fez ao longo de sua campanha. Ele disse que os EUA estavam sendo colocados em desvantagem. A China, disse ele, está "usando nosso país como cofrinho".

A mensagem de Hillary é mais complicada, embora ela tenha adotado posições que também poderiam afetar o comércio. Ela deixou de apreciar a Parceria Transpacífico que apoiou como secretária de Estado e agora promete nomear um "procurador-chefe para o comércio", triplicar o número de autoridades responsáveis pela aplicação das leis e reavaliar acordos existentes.

Amstad preferiu não comentar sobre o efeito de uma vitória de Hillary sobre os títulos dos mercados emergentes.

Outro risco é a economia aquecida dos EUA levar o Federal Reserve a subir os juros mais rapidamente, disse Amstad. O Fed manteve os juros inalterados na semana passada, mas a decisão teve a divergência de três membros com direito a voto no Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). Foi a primeira vez que isso aconteceu desde 2014.

"Se os salários nos EUA subirem, criando pressões inflacionárias, o Fed poderá precisar elevar os juros agressivamente", disse Amstad. "Este pode vir a ser um momento de dificuldade para os mercados emergentes."