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Carta de apresentação sobrevive no mercado de trabalho dos EUA

Rebecca Greenfield

28/09/2016 15h37

(Bloomberg) -- Dependendo de para quem você pergunta, a carta de apresentação pode ser parte indispensável da candidatura a um emprego ou total perda de tempo. Nós conversamos com cinco gerentes de contratações e cada um deles tinha uma abordagem diferente sobre sua relativa importância -- como se o processo de contratação já não fosse suficientemente estressante.

"As cartas de apresentação definitivamente morreram", disse Rachel Bitte, diretora de pessoas da startup de recrutamento Jobvite. "Os recrutadores simplesmente não prestam atenção nelas", disse Bitte, que trabalhou na área de Recursos Humanos por mais de uma década, com passagens por Intuit e Apple.

Muitos concordam com Bitte, insistindo que a carta de apresentação não tem nenhum propósito. Uma pesquisa de 2012 com 2.000 gerentes de contratações e recrutadores apontou que 90 por cento ignoravam a carta de apresentação. "Não apenas não as lemos, mas na maior parte do tempo não abrimos o arquivo anexo, nem sequer damos uma olhada superficial nas cartas de apresentação", escreveu Ambra Benjamin, recrutadora para o Facebook e outras empresas, no website Quora. "É uma perda de tempo. Muitas empresas, inclusive, deixaram de pedir isso."

Não que os gerentes de contratações não queiram saber como seu trabalho como garçom definitivamente te preparou para aquele cargo de marketing em redes sociais. Na maioria das vezes, eles simplesmente não têm tempo porque estão sobrecarregados. O Google recebe 3 milhões de candidaturas por ano, por exemplo. O recrutador médio gasta espantosos seis segundos analisando um currículo. Ler uma carta de apresentação, muitas vezes um retoque automático do currículo ou do perfil de alguém no LinkedIn, não vale o tempo gasto.

Os candidatos podem arriscar e não entregar carta de apresentação -- apenas 20 por cento dos profissionais de RH do setor privado consultados pela Sociedade de Gestão de Recursos Humanos (SHRM, na sigla em inglês) consideram um equívoco não enviar essas cartas. A parcela é ligeiramente maior, 34 por cento, para empregos no setor público.

Mas esses 20 por cento formam uma minoria apaixonada. "Eu sou grande fã das cartas de apresentação realmente boas", disse Jennifer Kim, chefe de operações de pessoas na Lever, outra startup de recrutamento. Ela contratou a gerente de escritório da Lever, por exemplo, com base em sua carta de apresentação. "Ela não tinha um conjunto de habilidades relevante", disse Bitte. "Mas escreveu uma carta de apresentação realmente pessoal, na qual mostrou que havia pesquisado sobre a empresa".

Para outros, trata-se de um complemento atraente para o impessoal currículo. "A carta de apresentação é a propaganda que mostra quem você realmente é", acrescentou Michelle Broderick, diretora de marketing do aplicativo bancário Simple.

Os funcionários em potencial provavelmente devem optar pelo mais seguro e perder algum tempo elaborando uma carta de apresentação. Mas devem garantir que a carta seja específica para aquela empresa e desprovida de erros de digitação embaraçosos. "Já vi muitas cartas de apresentação nas quais se notava que o candidato copiou e colou. Você vê o nome da empresa entre parênteses ou, o que é pior, o nome do concorrente", disse Kim. "Isso é algo que não se pode errar".