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Startup chinesa enfrenta Ford com minúscula picape elétrica

Bloomberg News

01/11/2016 16h10

Na floresta nos arredores de Pequim, Wang Chao, o ambicioso fundador da startup chinesa Kaiyun Motors, está sentado ao volante de uma minúscula picape elétrica que ele ajudou a desenvolver, ziguezagueando em um terreno acidentado com um grande sorriso no rosto. O veículo, diz ele, "fará tanto sucesso quanto ou até mais" que a lendária picape F-150 da Ford. Mas, ao contrário dessa grande consumidora de combustível, a pequena Pickman funciona com eletricidade.

A empresa pouco conhecida de Wang vendeu 5.000 unidades da picape movida a bateria na China desde maio e ele diz ter recebido mais de 100.000 encomendas. Com mais de 200 empresas disputando para desenvolver veículos de nova energia no mercado automotivo mais competitivo do mundo, a Kaiyun é uma das poucas companhias a chegar ao estágio do varejo. Ela planeja vender um milhão de veículos nos próximos cinco anos.

A falta de regras transformou a China em uma espécie de Velho Oeste no tocante à produção e ao financiamento de veículos elétricos, levando à proliferação de modelos baratos e malfeitos. Apesar do fato de que atualmente não existe uma estrutura legal que permite a circulação de veículos elétricos de baixa velocidade, cerca de um milhão deles são produzidos a cada ano, segundo a Administração de Padronização da China -- número muito superior que os 340.471 veículos elétricos permitidos para as ruas produzidos em 2015.

A mudança, contudo, está em andamento. O governo afirmou em outubro que planeja regular o setor, estabelecendo padrões que as produtoras precisarão cumprir sob a pena de fechamento. A legislação poderá então ser formulada de maneira a permitir o uso de veículos de baixa velocidade nas ruas.

"A China é o melhor lugar para administrar uma fabricante de veículos, especialmente uma fabricante de veículos elétricos", disse Wang, 32, de seu pequeno escritório em Pequim, a cerca de 400 quilômetros ao norte da sede da companhia, em Xingtai, na província de Hebei. "Há muita demanda que ainda não foi atendida."

Wang disse que passou três anos desenvolvendo a Pickman, que é vendida por 23.800 yuans (US$ 3.500) e pode rodar até 120 quilômetros com uma única recarga. "Os miniveículos elétricos serão um produto fundamental de agora em diante para os trajetos de curta distância", disse Wang. "Eu tenho certeza de que podemos tornar a Kaiyun tão bem-sucedida quanto o Alipay, da Alibaba", o sistema de pagamentos on-line mais popular da China.

O desenvolvimento não saiu barato. A Kaiyun investiu cerca de US$ 300 milhões até o momento para manter a produção em andamento e está negociando com investidores locais e dos EUA a realização de uma rodada de financiamento inicial de até US$ 200 milhões, disse Wang. Ele acrescentou que a companhia também planeja instalar uma linha de montagem em um país do Sudeste Asiático no ano que vem, sem entrar em detalhes.