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Análise: Facebook se soma aos maiores investidores da internet

Shira Ovide

04/11/2016 14h01

(Bloomberg) — O Facebook tem menos de cinco anos como empresa de capital aberto, mas seu valor de mercado já está entre os maiores do mundo. Agora, a companhia está entrando também no grupo dos maiores investidores, posição que vale a pena acompanhar de perto.

As três operadoras de serviços web e de computação em nuvem com maiores gastos — a Alphabet, empresa controladora do Google, a Amazon e a Microsoft — desembolsam coletivamente mais de US$ 20 bilhões em dinheiro a cada ano para comprar equipamentos de computação e administrar os centros de dados digitais que são os motores dos pontos de encontro mundiais da internet. O Facebook está entrando nesse time superpoderoso do investimento de capital.

A companhia informou na quarta-feira a estimativa de que seu investimento de capital chegará a US$ 4,5 bilhões neste ano, o que representaria um salto de 78 por cento em relação a 2015. Os executivos dizem que grande parte desse dinheiro vai para centros de dados, incluindo alguns novos nos EUA e na Irlanda, servidores que operam dentro desses centros de dados, edifícios de escritórios e tubulações que transportam dados entre as redes globais de computadores do Facebook e a internet pública.

O Facebook estima que 2017 será "um ano agressivo de investimentos", inclusive em despesas de capital, disse o diretor financeiro David Wehner a analistas, na quarta-feira. A projeção de um grande salto nos investimentos — combinada ao alerta sobre uma significativa desaceleração da intensa taxa de crescimento de receita da empresa — impulsionou um declínio de 5,7 por cento das ações do Facebook na quinta-feira.

Se presumirmos a manutenção da projeção para despesas de capital de 2016 do Facebook e os investimentos subirem 78 por cento novamente no ano que vem, isso levaria o total de 2017 para cerca de US$ 8 bilhões. Esse número é quase equivalente ao que a Microsoft gastou em seus centros de dados, equipamentos de computação e afins em seu ano fiscal mais recente, quando a gigante dos softwares registrou cerca de US$ 85 bilhões em receita. Em contraste, os analistas calculam que o Facebook vai gerar uma receita de US$ 36,7 bilhões em 2017, segundo a média de estimativas compilada pela Bloomberg.

Os executivos do Facebook falam frequentemente sobre a experiência da companhia para ajustar suas redes de computadores para maximizar a eficiência. A companhia desenvolve seus próprios servidores, tubos de rede de internet e até edifícios de centros de dados para extrair o máximo de desempenho digital deles com o menor custo possível. Nenhum detalhe é esquecido. O Facebook remove até o logotipo dos servidores para que o ar possa fluir sem interrupção e esfriar seus poderosos computadores.

Contudo, o Facebook ainda não é tão eficiente com seu investimento de capital. As despesas de capital dos nove primeiros meses de 2016 respondem por cerca de 17 por cento das receitas do mesmo período. Na Alphabet, as despesas de capital somam 11 por cento da receita bruta.

No último ano, mais ou menos, o Google apertou o cinto com a chegada de um novo diretor financeiro que impôs uma disciplina maior. O Facebook ainda está ampliando os investimentos para melhorar seu crescimento, que é como a empresa deve se comportar. Mas o investimento de capital é uma área que os investidores vão monitorar com atenção. Se o ritmo de crescimento das receitas perder muita força, o Facebook poderá precisar dar um tempo também nos gastos de capital.

Essa coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.