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Mulher no setor de tecnologia do Reino Unido pede salário menor

Laura Colby

07/11/2016 12h41

(Bloomberg) -- No setor de tecnologia do Reino Unido, o salário oferecido às mulheres é inferior ao oferecido aos homens em todos os níveis. Isso faz com que a diferença salarial entre homens e mulheres se multiplique à medida que as mulheres avançam na carreira, de acordo com um estudo de mais de 10.000 ofertas de emprego realizado pela empresa Hired.

No Reino Unido, a mediana do salário das mulheres em campos de tecnologia como engenharia de software é 9 por cento inferior à mediana dos homens, de acordo com a empresa, um site especializado em empregos em tecnologia. Esse dado se compara com uma diferença geral de salários entre homens e mulheres de cerca de 14 por cento no Reino Unido.

Nos EUA, sede da Hired, a diferença geral de salário entre homens e mulheres é de 19 por cento e a disparidade para as mulheres no setor de tecnologia é de 8 por cento, segundo dados da Hired.

No início da carreira, as mulheres pedem aproximadamente o mesmo salário que os homens, mas obtêm cerca de 7 por cento menos, segundo o relatório. Com dois a seis anos de experiência, as mulheres ainda pedem o mesmo salário dos homens, mas recebem 10 por cento a menos.

Essa discrepância aumenta ao longo dos anos e as expectativas de remuneração das mulheres também vão diminuindo com o passar do tempo. Frequentemente, as mulheres pedem um aumento de 10 por cento ou 15 por cento sobre o salário que ganham, subestimando-se a si mesmas. As mulheres com seis anos ou mais de experiência pedem 18 por cento menos que os homens e recebem 31 por cento menos.

"No começo as desigualdades são pequenas, mas elas se multiplicam com cada aumento salarial, cada mudança de emprego e cada promoção ao longo da carreira de uma mulher", disse Jessica Kirkpatrick, cientista de dados da Hired que elaborou o relatório.

Uso de dados

Juney Ham, diretor de mercado da Hired, disse que o site possibilita que as empresas eliminem a foto e o nome de um candidato ao analisá-lo para evitar uma parcialidade inconsciente. O site também coloca o candidato em contato com um "promotor de talento", que analisa o perfil e pode sugerir ajustes na remuneração solicitada.

"A diferença salarial pode desaparecer se conseguirmos que as mulheres definam suas expectativas de remuneração com base nos dados do mercado, em vez de simplesmente somarem uma porcentagem ao salário que recebem", disse Kirkpatrick.

Ela sabe do que está falando. Kirkpatrick, Ph.D. em astrofísica pela Universidade da Califórnia em Berkeley, disse que em seu primeiro trabalho ganhava US$ 14.000 por ano a menos que dois homens que tinham as mesmas qualificações que ela.

"Isso continuou se propagando ao longo da minha carreira", disse, até ela se inscrever no site da Hired e começar a trabalhar na empresa em 2015. Kirkpatrick descobriu que seus requisitos salariais eram cerca de 25 por cento inferiores aos do mercado.

"Isso transformou a minha carreira", diz ela. "Eu sinto que agora estou à altura do meu valor no mercado."