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Acordo da Opep fica mais urgente e difícil com vitória de Trump

Grant Smith e Angelina Rascouet

09/11/2016 14h05

(Bloomberg) -- A Opep já vinha tendo dificuldades para finalizar um acordo sobre cortes à produção neste mês. Para completar, Donald Trump foi eleito presidente dos EUA.

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo enfrenta uma urgência cada vez maior para tomar medidas que sustentarão os preços do petróleo em um momento em que a surpreendente vitória de Trump ameaça aprofundar uma queda forte do mercado, afirmou o UBS Group.

Assim, a incerteza em relação às políticas do presidente eleito -- da mudança climática ao setor do xisto nos EUA e às sanções ao Irã -- tornará ainda mais difícil resolver as diferenças entre os países produtores.

"A pressão sobre a Opep para chegar a um acordo só aumenta depois da vitória de Trump", disse Giovanni Staunovo, analista do UBS em Zurique. "Embora o mercado do petróleo esteja se reequilibrando, a incerteza política no curto prazo deixa os preços do petróleo vulneráveis à queda, o que faz com que seja mais urgente que a Opep entre em ação."

Os preços do petróleo já recuaram 15% desde outubro por causa das crescentes dúvidas de que a Opep consiga fechar o acordo de Argel em sua reunião de 30 de novembro em meio à recusa de quase um terço de seus integrantes a reduzirem suas produções.

Os preços inicialmente caíram para perto de US$ 43 o barril em Nova York nesta quarta-feira após a eleição de Donald Trump, magnata do setor imobiliário e estrela de um programa de reality da TV, mas depois as perdas foram apagadas quando uma queda forte de ativos de risco se acalmou.

Dúvidas em relação à política

O resultado poderia ser "bearish para os mercados emergentes, que impulsionam o crescimento da demanda por petróleo", porque Trump prometeu eliminar os acordos comerciais internacionais na América Latina e na Ásia, de acordo com a empresa de consultoria FGE.

Sua surpreendente vitória também poderia enfraquecer os preços, ajudando a reativação da produção de xisto nos EUA. Harold Hamm, presidente da Continental Resources, que assessorou Trump em política energética, está "firmemente a favor do desenvolvimento interno de petróleo e gás", afirmou a FGE.

Por outro lado, é provável que o próximo presidente dos EUA trate os acordos relativos à mudança climática "com ceticismo" e as medidas para limitar a produção de dióxido de carbono "podem demorar ou serem revertidas", aumentando potencialmente a demanda por combustíveis fósseis, de acordo com a FGE.

Trump também disse que iria anular o acordo nuclear firmado no ano passado com o Irã, o que poderia reverter os aumentos das exportações de petróleo da República Islâmica, afirmou a RBC Capital Markets.