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Açores querem lugar da Islândia como destino de aventura

Brandon Presser

10/11/2016 15h11

(Bloomberg) -- Há milhões de anos, o manto borbulhante da Terra deu origem a nove pequenas ilhas no meio do Atlântico Norte. Na atualidade, os Açores -- que estão localizados a 1.600 quilômetros da costa da Europa -- são um reino tranquilo de pitoresco charme ibérico e verdes deslumbrantes preenchidos por videiras esculpidas por um dramático histórico de erupções vulcânicas.

Assim como a Islândia, os Açores oferecem lindas paisagens que não requerem filtro nas fotos, uma vibração evidentemente diferente da dos EUA (o arquipélago pertence a Portugal) e um local de parada ultraconveniente no seu caminho para a Europa. Contudo, embora seu primo do norte ganhe as manchetes com façanhas turísticas recorde -- diversos veículos de comunicação reportaram que o país terá mais turistas americanos do que moradores locais em 2017 --, os Açores continuam passando despercebidos.

Essa situação está prestes a mudar.

Seguindo o exemplo da estratégia transatlântica da IcelandAir, a recentemente rebatizada Azores Airlines (originalmente chamada SATA) aumentará as conexões para grandes cidades europeias em 2017; em teoria, as passagens aéreas ultra-acessíveis da empresa deverão aumentar o interesse na escala nos Açores. O plano é operar 972 voos totais no ano que vem (46 por cento a mais que em 2016) conectando passageiros americanos de Boston, Oakland e Providence (Rhode Island) a destinos como Lisboa, Porto, Barcelona, Praia (Cabo Verde), Londres e Frankfurt. A nova rota de Boston a Barcelona, por exemplo, sairá a partir de US$ 549, incluindo impostos.

Enquanto a Islândia começa a merecer um estudo de caso sobre turismo desenfreado, os Açores esperam encontrar o equilíbrio entre aumentar a infraestrutura e preservar os tesouros tangíveis e intangíveis que tornam o arquipélago tão único.

Locomoção

As nove ilhas dos Açores estão organizadas em três grupos geográficos -- leste, centro e oeste --, sendo São Miguel a ilha mais populosa (e acessível), pertencente ao grupo do leste. É preciso um avião pequeno para visitar cada grupo de ilhas, embora as balsas públicas possam te transportar facilmente entre eles. Reserve algum tempo para explorar algumas das ilhas mais distantes -- uma semana é o período ideal.

O que fazer

Na ilha de São Miguel, comece pela Lagoa das Sete Cidades, conhecida como uma das sete maravilhas de Portugal (afirmação prontamente endossada pelos comissários de bordo por meio dos alto-falantes da cabine ao aterrissar).

Siga os indicativos deles e veja as duas cativantes lagoas -- uma azul e outra verde -- que se unem no fundo da cratera. Os caminhantes costumam explorar ao redor do perímetro da caldeira, enquanto outros desfrutam de remar nessas águas etéreas.

A animação em Ponta Delgada, principal municipalidade da ilha, contradiz sua pequena população, de pouco mais de 70.000 habitantes. Essa é a maior comunidade dos Açores e a sede do governo, ostentando o maior aeroporto e o porto de cargas do arquipélago.

Com um estilo único de arquitetura religiosa esculpido em pedra vulcânica porosa, a área central colonial da capital pode ser melhor aproveitada à noite com uma caminhada entre as ruas estreitas ou com petiscos ao longo da orla.

Nas outras ilhas

Se puder ir a apenas uma das demais ilhas, priorize Pico. Ela oferece um poderoso contraponto a São Miguel, com cerca de um décimo da população e um enorme pico vulcânico cuja sombra se move pela paisagem como um relógio de sol.

Escalar até a cúpula do Pico, com forma de chapéu de bruxa, continua sendo a experiência mais icônica da ilha -- uma caminhada que leva cerca de seis horas até o topo, ida e volta --, mas há muitas outras atividades que fazem a visita valer a pena.

Um exemplo: no século 19, Pico era uma das grandes produtoras de vinho da Europa e servia a aristocracia com uma bebida forte que não se podia encontrar em nenhuma parte no continente. E embora uma praga tenha praticamente aniquilado a indústria nos anos 1850, ela está se recuperando. A ilha mantém uma cultura de bodegas, nas quais os visitantes podem parar para provar bebidas fortificadas e comprar algumas garrafas.