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Como será futuro da Tesla no mundo de Donald Trump

Tom Randall

11/11/2016 13h08

(Bloomberg) -- O que Donald Trump realmente vai fazer?

É o que muitos americanos estão se perguntando agora que os EUA finalizaram uma das eleições menos específicas em relação às políticas da história do país. O presidente eleito deu apenas indicações legislativas muito imprecisas, inclusive sobre qualquer que seja o plano dele para o setor de energia.

O mistério paira sobre fabricantes de turbinas como a Vestas Wind Systems, cujas ações caíram 12% depois da eleição, e produtoras de carvão como a Peabody Energy, cujas ações dispararam 73%.

Em seu único discurso importante sobre energia, Trump, 70, disse que rescindiria normas ambientais "que destroem empregos" em menos de 100 dias de governo e que ressuscitaria a indústria de carvão dos EUA.

É uma péssima notícia para as iniciativas que visam a desacelerar o ritmo da mudança climática, mas o impacto sobre a revolução da energia renovável talvez seja limitado. Estas são as possíveis consequências para a queridinha da energia ecológica dos EUA, a Tesla Motors:

1. Os subsídios às energias solar e eólica provavelmente estão garantidos

A Tesla é, acima de tudo, uma fabricante de carros elétricos. Mas, em 17 de novembro, os acionistas votarão a aprovação final da oferta de US$ 2,2 bilhões feita pelo CEO Elon Musk para comprar a SolarCity.

A aquisição transformaria a Tesla na maior instaladora de painéis solares para tetos dos EUA e na primeira grande fabricante a integrar backups de bateria aos painéis solares para fornecer eletricidade de noite.

A rápida propagação da energia solar gerada em tetos nos EUA foi possível graças a duas políticas governamentais. Primeiro, a maioria das companhias de energia elétrica tem a obrigação de dar créditos aos proprietários de casas pela eletricidade excedente que eles devolvem à rede.

Essas exigências são estaduais e não deveriam ser afetados por Trump. Segundo, existe um incentivo fiscal federal de 30% para compensar o custo das instalações. Esses incentivos foram promulgados pelo presidente republicano George W. Bush em 2005 e prorrogados por um Congresso republicano no fim do ano passado. Considerando esse amplo apoio, é improvável que os subsídios sejam retirados.

2. Mesmo sem incentivos, a energia renovável ficará mais barata

Em média, os preços de painéis solares caíram mais de 15% por ano desde 2013. Em uma escala de serviços públicos, a energia solar já é mais barata do que a eletricidade gerada pelo carvão na maior parte dos EUA, depois de subsídios. Mesmo se os incentivos fossem retirados subitamente no ano que vem -- um cenário improvável e economicamente destrutivo --, o setor acabaria se recuperando porque os preços continuam caindo.

3. Barreiras comerciais para o México prejudicariam rivais da Tesla

Trump quer eliminar ou renegociar o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (Nafta, na sigla em inglês). Essa poderia ser uma proposta perigosa para a indústria automotiva.

Desde 2010, nove fabricantes de automóveis, entre elas a Ford Motor, a GM e a Fiat Chrysler, anunciaram mais de US$ 24 bilhões em investimentos no México. Elas dependem de fábricas no México para produzir milhões de veículos e um volume alto de peças.

No fim das contas, a confluência de todas essas forças, mas especialmente o declínio acentuado do carvão e a acessibilidade cada vez maior de fontes de energia renovável, provavelmente seja forte demais para ser revertida pelo futuro governo republicano. Esta é uma boa notícia para a Tesla e para muitas outras empresas que trabalham para limpar o abastecimento de energia.