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Ações argentinas estão baratas, mas liquidez atrapalha, diz investidor

Carolina Millan

11/11/2016 10h30

(Bloomberg) -- Quase um ano depois que um novo governo assumiu na Argentina prometendo relaxar os controles de capital e atrair investidores estrangeiros, Mark Mobius está apostando nas ações do país. Mas ele diz que as opções ainda são limitadas para os investidores que buscam aproveitar o rali que transformou o Merval em um dos índices acionários de melhor desempenho do mundo neste ano.

Mobius, presidente-executivo do conselho da Templeton Emerging Markets Group, que tem US$ 26 bilhões sob gestão, diz que continuará focado nos recibos de depósitos americanos das empresas argentinas enquanto houver regras para obrigar os investimentos em carteira a permanecerem no país por 120 dias, política que, segundo ele, limita a liquidez do mercado.

"Para nós é difícil investir se não houver garantia de que podemos retirar o dinheiro a curto prazo", disse Mobius em entrevista, de Dubai. "Investimos nos países há muito tempo, mas isso faz parte das nossas obrigações para com os investidores. A moeda já está bastante estável, então tudo depende de como serão as coisas com a regra do câmbio. Isso dará mais confiança para nós e para outros investidores."

As ações da Argentina subiram 41% no ano após a eleição do presidente Mauricio Macri no fim de 2015 com a promessa de revigorar uma economia prejudicada por anos de interferência do governo, incluindo controles cambiais e restrições de capital. Mesmo depois do rali, a relação preço/lucro ajustado do Merval está em apenas dois terços do nível do Ibovespa, do Brasil.

As ações argentinas foram rebaixadas para mercado de fronteira pela MSCI em 2007 devido às restrições de capital e para Mobius o limite de 120 dias ainda representa um pré-requisito para o retorno ao status de mercado emergente.

Em junho, a MSCI anunciará se a Argentina foi atualizada para esse nível, colocando o país lado a lado com Brasil e México e tirando-o do atual status de fronteira, compartilhado com Quênia e Cazaquistão. Mobius acredita que a atualização aumentará a liquidez e elevará os preços das ações, quando ocorrer.

"É possível que o processo seja adiado", disse ele. "No fim das contas, o pessoal da MSCI será muito cauteloso. As pessoas que acompanham os índices são muito sensíveis, elas precisam de liquidez."

O próximo grande acontecimento para as ações argentinas será a recuperação da economia do Brasil, principal parceiro comercial do país, disse ele. A Franklin Templeton, que já possui escritório na Argentina, não planeja expandir sua operação no país.

A principal escolha de Mobius são os bancos argentinos, seguidos pelo setor de telecomunicações. Ele também está considerando investimentos de private equity e aguardando mais ofertas públicas iniciais quando o mercado subir.

"Estamos realmente interessados em ver mais opções na Argentina", disse Mobius.