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Aquecimento global piora antes da chegada de Trump a Washington

Joe Ryan

14/11/2016 13h16

(Bloomberg) -- As temperaturas mundiais continuam batendo recordes neste ano. Elas subiram e ficaram a menos de um grau do patamar que, segundo cientistas afirmam, seria catastrófico, de acordo com as Nações Unidas.

Durante os primeiros nove meses do ano, as temperaturas estiveram 1,2 grau Celsius acima das registradas no final do século 19, informou a Organização Meteorológica Mundial da ONU (WMO, na sigla em inglês) nesta segunda-feira em um relatório. Cientistas alertam que se o planeta aquecer mais de 2 graus acima dos patamares pré-industriais a mudança climática poderia atingir um ponto irreversível e desencadear uma série de enchentes, secas e tempestades.

As conclusões da WMO, com base em 136 anos de dados de três agências científicas, chegam dias depois da eleição presidencial de Donald Trump, que disse que a mudança climática é um boato inventado pelos chineses. O republicano prometeu tirar os EUA do acordo climático de Paris que, segundo os cientistas, é um passo fundamental para impedir o planeta de passar do limite de 2 graus.

"Por causa da mudança climática, a ocorrência e o impacto de eventos extremos aumentaram", disse o secretário-geral da WMO, Petteri Taalas, em um comunicado. "Ondas de calor e enchentes que acontecem uma vez em cada geração estão se tornando mais regulares."

O clima violento repercutiu em todo o planeta neste ano. A tempestade mais fatal foi o furacão Matthew, que arrasou o Caribe e o sudeste dos EUA em outubro e matou pelo menos 1.000 pessoas só no Haiti. Na Ásia, o tufão Lionrock atravessou o Japão, a Rússia, a China e a Coreia do Norte, matou mais de 100 pessoas e destruiu milhares de casas. E na África, secas no Malaui, em Angola, na Zâmbia e em outros países provocaram uma escassez de alimentos que, segundo estimativas, poderia afetar 17 milhões de pessoas no começo de 2017.

Neste mês, a WMO informou que a Terra atravessou os cinco anos mais quentes já registrados entre 2011 e 2015, e dados preliminares para outubro apontam que 2016 será o ano mais quente já registrado. O relatório utiliza dados da NASA, da Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA, do Escritório de Meteorologia do Reino Unido e da University of East Anglia.