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Trump derrubou, mas não nocauteou, os mercados emergentes

Ye Xie

14/11/2016 12h46

(Bloomberg) -- A queda forte nos mercados emergentes depois que Donald Trump foi eleito presidente dos EUA foi intensa. Mas uma análise mais minuciosa revela que as coisas não estão tão ruins quanto parecem.

Embora os títulos em moeda local tenham sofrido na semana passada as maiores perdas desde a crise de 2008 por causa da inesperada vitória republicana, um indicador da volatilidade em moedas do mercado em desenvolvimento continuou 16 por cento abaixo dos patamares vistos em fevereiro. O custo de cobertura contra perdas cambiais está 38 por cento mais barato que em agosto de 2015, quando a desvalorização do yuan chinês aturdiu investidores do mundo inteiro.

Em uma queda forte global estimulada pelas expectativas de que Trump aumentará a despesa pública dos EUA, os traders do mercado emergente não estão, de modo algum, entregando os pontos. Embora se preparem para os riscos de políticas protecionistas, eles apostam que o crescimento mais acelerado e a redução do déficit em conta-corrente ajudarão a maioria dos países em desenvolvimento a suportar a crise.

Os declínios recentes "criaram uma excelente oportunidade de compra", disse Koon Chow, estrategista da Union Bancaire Privée (UBP) em Londres. "Poderíamos chegar a um ponto onde, dentro de uma ou duas semanas, os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA vão se estabilizar e, se isso acontecer, os mercados emergentes vão voltar."

Ainda é cedo para afirmar que a queda acabou, mas Chow disse que os títulos locais do Brasil e da Rússia estão começando a ficar atraentes, junto com as moedas colombiana e peruana. As taxas de câmbio asiáticas provavelmente continuarão sob pressão, disse ele.

Queda contida

Desde a eleição de 8 de novembro, os títulos denominados em moeda local dos países em desenvolvimento caíram 7,3 por cento até 11 de novembro, a maior queda em três dias desde outubro de 2008. O declínio reduziu o retorno dos títulos neste ano para 8,5 por cento. Os investidores extraíram um recorde de US$ 301 milhões do fundo de renda fixa do mercado emergente da BlackRock, de US$ 8,9 bilhões, no dia 10 de novembro.

No mercado cambial, o peso mexicano caiu 12 por cento, para um piso recorde, e o real e o rand sul-africano perderam mais de 6 por cento.

No entanto, há indícios de que essa queda forte seja limitada. Embora os custos de cobertura no mercado cambial tenham aumentado para o valor mais alto em cinco meses, 4,3 por cento, no dia 10 de novembro, eles ficaram abaixo dos 6,9 por cento registrados em agosto de 2015, de acordo com dados compilados pelo JPMorgan. A 11,3 por cento, o indicador de volatilidade cambial do JPMorgan está abaixo que o pico deste ano, 13,4 por cento, registrado em fevereiro.

"Por enquanto, simplesmente aguardamos", disse Paul McNamara, gestor de recursos do GAM UK, cujo Julius Baer Local Emerging Bond Fund retornou 13 por cento neste ano. "Todos os aspectos negativos se baseiam em várias suposições. Temos muito poucas evidências concretas sobre o que o novo governo significará para os mercados emergentes."