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Rússia atrai empresas com mão de obra mais barata em um século

Olga Tanas e Ilya Khrennikov

17/11/2016 15h59

(Bloomberg) -- Estes são alguns produtos fabricados na Rússia que muito em breve poderão ser encontrados em uma loja perto de você: máquinas de lavar roupa, chicletes e provavelmente muito mais.

Uma combinação da pior crise cambial do país desde 1998 com um recuo sem precedentes dos salários reais durante grande parte dos últimos 24 meses resultou em salários que se tornaram "amplamente competitivos" em relação aos da China pela primeira vez desde o fim do czarismo há cem anos, segundo a Renaissance Capital.

Em dólares, os salários russos caíram no ano passado para quase a metade do nível dos salários de antigos membros dos países do Leste, como a República Tcheca, estima a Higher School of Economics, com sede em Moscou.

Graças a isso, várias empresas, da sul-coreana Samsung Electronics à americana Mars, foram à Rússia em busca de mão de obra mais barata.

Dados publicados na quarta-feira (16) mostraram uma queda na produção industrial mais moderada do que o previsto pelos economistas, com um crescimento de 0,3% nestes dez meses, em relação a um ano atrás.

O Ministério da Economia projeta que uma melhoria maior fará com que o aumento da produção anual seja de 0,4%, após uma contração de 3,4% em 2015.

"Não seria exagero dizer que a Rússia poderia se transformar na fábrica da região", disse Yaroslav Lissovolik, economista-chefe do Eurasian Development Bank.

"A meta dos nossos fabricantes na Rússia é formar parcerias com empresas estrangeiras para passarem a fazer parte de cadeias regionais e globais de valor agregado, aumentando não apenas o potencial competitivo do país, mas também sua capacidade de exportação."

Rublo

A reversão dos custos da mão de obra depende muito do rublo, que caiu quase 40% em relação ao dólar nos últimos 24 meses, desde a queda dos preços do petróleo.

Embora a taxa de câmbio efetiva real da moeda russa tenha avançado, na comparação com os principais parceiros comerciais do país e excluindo os efeitos da inflação, ela continua cerca de 30% abaixo do pico atingido em junho de 2013.

O choque deixou os salários não apenas abaixo do nível de outras economias emergentes importantes, como o Brasil, mas também do nível dos pares da Rússia na Europa do Leste.

O salário médio na Rússia, de US$ 558 no ano passado, caiu quase 30% desde 2011, ficando perto da renda de antigas repúblicas soviéticas como o Cazaquistão, segundo a Higher School of Economics.