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Chineses compram imóveis em Londres graças à queda da libra

Bloomberg News

18/11/2016 12h32

(Bloomberg) -- Enquanto o Reino Unido tenta definir as condições de sua saída da União Europeia e os bancos avaliam suas opções no continente, seria este o melhor momento para começar a construir um novo distrito financeiro em Londres? A China acha que sim.

Neste mês, quatro dos maiores bancos do país decidiram financiar a primeira etapa da transformação de um velho cais do East End em um centro para empresas asiáticas que custará 1,7 bilhão de libras (US$ 2,12 bilhões).

Ao oeste do local, perto do Aeroporto da Cidade de Londres, as torres de Canary Wharf servem para lembrar que projetos ambiciosos na capital britânica podem ser elefantes brancos durante anos e depois se tornaram uma galinha dos ovos de ouro.

Empresas chinesas investirão 4 bilhões de libras em imóveis em Londres neste ano e superarão o recorde de 2015 por um terço, segundo dados compilados pela CBRE Group.

A decisão do Reino Unido, em referendo, de abandonar a União Europeia baixou os preços para os chineses, porque a libra se desvalorizou em relação ao yuan. No entanto, qualquer recompensa no longo prazo depende parcialmente de se o Brexit provocará a redução de aluguéis e valores diminuindo o papel da cidade como centro financeiro da Europa.

"Os investidores chineses apostam que o Reino Unido se sairá bem nas negociações sobre o Brexit e, se não for assim, as empresas continuarão escolhendo Londres como sede", disse Michael Marx, ex-CEO da incorporadora U+I Group. "Londres não se transformou na capital financeira do mundo da noite para o dia e certamente não perderá esse status tão rapidamente."

Investimentos

Depois do triunfo do Brexit, compradores do país mais populoso do mundo gastaram 600 milhões de libras no Reino Unido, segundo dados da CBRE que excluem aquisições feitas por indivíduos. A China Minsheng Investment comprou a sede do Societé Générale em Londres por 84,5 milhões de libras.

A China Vanke comprou o Ryder Court, um edifício de escritórios em Mayfair, por 115 milhões de libras, e a Kingboard Chemical Holdings adquiriu o Moor Place no distrito financeiro de Londres, por 217 milhões de libras, no mês passado.

A preocupação com que Londres perca o status de capital financeira da Europa não impediu a incorporadora ABP London e a companhia de investimentos Citic Group de conseguirem mais de 300 milhões de libras para financiar a primeira etapa do projeto no Royal Albert Dock e obter reservas para 13 dos 20 edifícios que serão construídos nessa etapa. O Bank of China, o Agricultural Bank of China, o Industrial & Commercial Bank of China e o China Construction Bank farão empréstimos para o projeto.

"Não vimos nenhuma diminuição do interesse depois do referendo; aliás, ele aumentou", disse Neil Robinson, porta-voz da ABP, em entrevista no local da obra, onde escavadoras e operários preparam o solo para a construção. "Estão chegando investimentos da Ásia e agora eles têm um valor melhor porque o deles dinheiro vai além."