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Fender implora aos clientes que não deixem de tocar guitarra

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Imagem: Divulgação

Kim Bhasin

21/11/2016 15h38

(Bloomberg) -- A cada temporada de Natal, milhares de adolescentes rasgam o papel de presente que envolve guitarras novas e brilhantes. Eles rapidamente tocam as cordas desafinadas, imaginando que serão os tais quando se transformarem em estrelas do rock -- mas quase todos desistirão antes mesmo de conseguirem tocar "Sweet Child o' Mine".

Para eles, não há nenhum problema em deixar a guitarra para sempre no fundo do guarda-roupa e dar preferência ao controle do Playstation. Mas isso é de grande importância para a Fender Musical Instruments, a fabricante das guitarras elétricas mais icônicas do rock 'n' roll, de 70 anos. Cada desistente machuca.

"O desafio do setor -- ou a oportunidade -- é fazer as pessoas se comprometerem para toda a vida", disse Andy Mooney, CEO da Fender. "Um grande rito para alguém que começa a tocar qualquer tipo de instrumento é aprender a primeira música."

O mercado varejista de instrumentos musicais dos EUA, de US$ 6 bilhões, está estagnado há cinco anos, segundo dados compilados pela empresa de pesquisa IBISWorld, e os candidatos a comprar guitarras têm mais distrações do que nunca. E então, como convencê-los a largar o iPhone, pegar uma Stratocaster e continuar tocando?

Entre os guitarristas principiantes, sejam volúveis adolescentes ou adultos ocupados demais, sempre houve um alto índice de abandono da guitarra. As fabricantes de guitarras nunca antes fizeram um esforço tão conjunto para conservá-los, disse Mooney. Mas a Fender estima que cerca de metade de seus clientes são músicos de primeira viagem e está fazendo um esforço para tratá-los como tal.

A Fender afirma que obtém cerca de meio bilhão de dólares por ano em receita e que está a caminho de crescer cerca de 10% neste ano. O montante é menor que os US$ 700 milhões em receita registrados em 2011, número revelado quando a empresa apresentou pedido para uma oferta pública inicial, em 2012, posteriormente cancelada.

A tarefa de manter a atenção dos jovens sobre o instrumento é complicada para uma empresa que ainda está se recuperando das dificuldades posteriores à recessão. No fim de 2012, quando a Fender lutava para manter a rentabilidade, as empresas de private equity TPG Growth e Servco Pacific assumiram o controle da fabricante.

No ano passado, elas contrataram Mooney, um executivo veterano que trabalhou em empresas como Disney, Nike e Quiksilver, para deixar a Fender mais focada no digital e nos consumidores.

Isso significa mais aplicativos, mais aparelhos conectados e um novo enfoque em ajudar as pessoas a aprenderem a tocar guitarras. A esperança é que no começo os músicos se interessem pelos modelos baratos para iniciantes e depois subam de nível, para guitarras mais sofisticadas, à medida que se comprometerem com a prática.

Os mais devotados evoluiriam para o nível de colecionadores e teriam paredes repletas de instrumentos de ponta. E tudo isso significaria dinheiro para a Fender.

Quase todos os que compram uma guitarra, cerca de 90%, a abandonam no primeiro ano, segundo Mooney. Muitos desistem em três meses, frustrados ou sem disposição para se comprometerem.

Alguns passam para outro instrumento. E as pessoas desistem mais frequentemente das guitarras elétricas do que das acústicas, disse ele, devido ao fator dor: as cordas de aço machucam as mãos delicadas.

Os críticos preveem a morte das guitarras elétricas há anos, apontando a ascensão do rap e da música eletrônica nas paradas de sucesso.

Mas Mooney não parece preocupado. Mais mulheres estão tocando guitarra atualmente -- algo que ele credita em grande parte a Taylor Swift -- e a Fender atualmente vê tantas mulheres quanto homens tocando violão, quando não tocam guitarra elétrica.

E embora a combinação de instrumentos vendidos mude constantemente, as vendas de guitarras na verdade cresceram na última década, disse ele. "O pêndulo vai e vem.