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Mercado vê 100% de chance de alta de juro nos EUA em dezembro

Kevin Buckland

22/11/2016 09h45

(Bloomberg) -- Uma elevação da taxa básica de juros dos EUA pelo Federal Reserve no mês que vem é vista como inevitável pelos investidores do mercado de renda fixa. A certeza vem em meio a especulações de que as políticas do presidente eleito Donald Trump vão causar reflação e acelerar o aperto monetário.

A chance implícita de decisão pelo banco central americano na reunião dos dias 13 e 14 de dezembro chegou a 100% pela primeira vez, de acordo com cálculos da Bloomberg baseados em contratos futuros.

Na segunda-feira, um leilão de títulos do Tesouro americano com prazo de dois anos resultou no maior rendimento desde 2009. Nesta terça-feira, ocorre um leilão de dívida pública com prazo de cinco anos. Um indicador do mercado de renda fixa para as expectativas de inflação caminhava para seu maior nível de fechamento desde outubro de 2014.

Durante a campanha, Trump prometeu cortes "massivos" de impostos e gastos de até US$ 1 trilhão ao longo de uma década para reconstruir a infraestrutura do país. Sua vitória inesperada na eleição de 8 de novembro deflagrou a queda dos preços dos títulos de dívida, a disparada do dólar e ganhos nas bolsas.

Todos os quatro principais índices do mercado acionário dos EUA bateram recordes na segunda-feira. Na semana passada, a presidente do Fed, Janet Yellen, afirmou que uma elevação dos juros "poderia sim se tornar apropriada relativamente em breve".

"Após o Choque de Trump, fica fácil para o Fed aumentar, porque as expectativas de inflação subiram e o índice Dow de Nova York subiu", disse Hideaki Kuriki, investidor de renda fixa da Sumitomo Mitsui Trust Asset Management, em Tóquio. Ele diz ter "100%" de certeza de que o banco central americano fará o aperto no mês que vem.

O rendimento do título do Tesouro com prazo de dois anos avançava um ponto-base para 1,09% às 6:01 em Londres, de acordo com o Bloomberg Bond Trader Data. É o maior nível desde dezembro do ano passado. O rendimento do título com prazo de 10 anos, referência do mercado, estava praticamente inalterado em 2,32%, após ter chegado a 2,36% na sexta-feira, o maior patamar desde novembro de 2015.

A diferença entre os rendimentos dos títulos do Tesouro tradicionais e dos títulos do Tesouro protegidos da inflação com prazos de 10 anos --que mede a expectativa para a variação dos preços ao consumidor-- atingiu 1,95%, comparado a 1,12% em fevereiro.

Interesse dos japoneses

O rendimento dos títulos do Tesouro americano com vencimento em 10 anos ao redor de 2,3% atrai investidores japoneses e europeus, enquanto os fundos americanos aguardam alta adicional da taxa, segundo Kuriki, da Sumitomo Mitsui. Ele calcula que o rendimento vai se aproximar de 2,5% quando os investidores tiverem maior preocupação com o déficit fiscal sob a batuta de Trump. A taxa implícita de inflação pode chegar a 3%, acrescentou.

Uma pesquisa da Bloomberg junto a analistas, que dá a projeções mais recentes peso maior, aponta que o rendimento do papel de referência estará em 2,5% no fim de 2017.

Firmas de Wall Street que negociam diretamente com o governo (dealers) compraram mais da metade do lote de US$ 26 bilhões em títulos do Tesouro de dois anos leiloado na segunda-feira, uma vez que a demanda por parte dos investidores diminuiu em antecipação à reunião do Fed no mês que vem. O Tesouro anunciou um leilão de US$ 28 bilhões em títulos do Tesouro com prazo de cinco anos nesta terça-feira.