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Economia encolhida de Putin atrai investidores estrangeiros

Ilya Khrennikov

23/11/2016 10h21

(Bloomberg) -- Antes mesmo de a eleição presidencial dos EUA aumentar as esperanças de laços mais próximos com o Kremlin, algumas grandes empresas ocidentais já estavam apostando que a economia da Rússia em breve sairá do congelamento profundo.

Grandes redes varejistas como a sueca Ikea e a francesa Leroy Merlin começaram a injetar bilhões de dólares em novas lojas e fábricas por acreditarem que os consumidores russos começarão a deixar o período de hibernação após dois anos de recessão.

A Ikea investirá US$ 1,6 bilhão em novas lojas nos próximos cinco anos ou mais. A Leroy Merlin anunciou em setembro um plano de 2 bilhões de euros para mais do que duplicar seu número de lojas na Rússia no mesmo período.

A Pfizer está construindo uma nova fábrica de medicamentos, enquanto a Mars está expandindo as plantas de goma de mascar e de alimentos para animais de estimação.

"Este é o momento de investir", disse Walter Kadnar, presidente da Ikea no país, que lançou uma nova loja na Rússia pela última vez há cinco anos, mas que neste outono (Hemisfério Norte) abriu uma fábrica de móveis de US$ 60 milhões perto de São Petersburgo e comprou terrenos para um terceiro shopping Mega perto da cidade. "Eu acredito fortemente no potencial do mercado russo a longo prazo."

Situação está 'mudando'

O investimento estrangeiro ficou praticamente paralisado nos últimos dois anos devido à recessão do país e ao conflito com o Ocidente. Empresas como a General Motors reduziram as operações locais. Para muitos dos que permaneceram, este é o momento de reabrir a carteira para conseguir uma vantagem em relação aos rivais.

Apesar de ter dizimado o valor dos lucros locais em dólares e em euros, a desvalorização do rublo derrubou fortemente os custos de produção na Rússia. Segundo algumas estimativas, atualmente eles são menores que os da China.

"Os últimos dois ou três anos foram um desastre", disse Frank Schauff, chefe da Associação de Empresas Europeias em Moscou. "Agora a situação está mudando porque a taxa de câmbio do rublo se estabilizou e a economia russa deverá voltar a crescer em breve."

O governo afirmou que sua reunião anual de investidores estrangeiros, em setembro, atraiu o maior número de altos executivos em uma década. O investimento estrangeiro direto subiu para US$ 8,3 bilhões nos nove primeiros meses do ano, mais do que os US$ 5,9 bilhões reportados para todo o ano de 2015, segundo dados do banco central.

Alexis Rodzianko, presidente da Câmara Americana de Comércio na Rússia, disse que as tensões geopolíticas têm sido um grande obstáculo para os potenciais investidores estrangeiros.

A eleição de Donald Trump, que elogiou o presidente Vladimir Putin e durante a campanha questionou as sanções aplicadas à Rússia, poderia mudar isso. "Trump tem uma mente mais aberta sobre a relação EUA-Rússia", disse Rodzianko. "Fica claro que há espaço para melhoras e isso dá esperanças."