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Três pessoas paralisam plano de US$ 1 bi da Apple na Irlanda

Dara Doyle e Peter Flanagan

24/11/2016 15h28

(Bloomberg) -- "Uma maçã por dia faz bem para a saúde - chega de objeções!".

Esse trocadilho com um ditado inglês estava escrito à mão em um cartaz em Athenry, o vilarejo perto da costa atlântica da Irlanda escolhido pela Apple para construir uma enorme instalação de dados de US$ 1 bilhão. A mensagem estava dirigida a três pessoas que se opõem a um possível impacto ambiental e aos benefícios econômicos por parte dos moradores com medo de que a empresa descarte o projeto após mais de um ano de atrasos. Enquanto isso, o bosque se mantém intacto até o juiz escutar mais uma rodada de depoimentos em março.

"Isso não afeta apenas Athenry, mas afeta também a Irlanda", disse Paul Keane, 39, cuja família mora na região há várias gerações. "Se a Apple se retirar, o que isso diz sobre a Irlanda? É verdade que nós temos um sistema justo e aberto, mas isso não pode ser adiado."

Aquele que seria um dos investimentos mais importantes da Apple na Europa é ainda mais relevante para a Irlanda como marca, em um ano que foi complicado.

A decisão do Reino Unido de deixar a União Europeia ameaçou colocar um ponto final nos acordos com um dos principais parceiros comerciais do país, ao mesmo tempo em que a vitória eleitoral de Donald Trump poderia minar o status da Irlanda como refúgio para empresas americanas na Europa. Isso já estava sendo considerado após a UE ordenar que a Apple pagasse 13 bilhões de euros (US$ 13,8 bilhões) relacionados a seus impostos irlandeses. Tanto a empresa quanto o governo apelaram da decisão.

Para alguns, Athenry ilustra um problema maior: a dificuldade para executar grandes desenvolvimentos de infraestrutura na Irlanda, em comparação com outros países, independentemente do quanto seu regime impositivo possa ser atraente. A Apple já começou um projeto semelhante na Dinamarca, que seu CEO, Tim Cook, anunciou simultaneamente há mais de 18 meses.

Naquele momento, Cook esperava que o centro de dados irlandês começasse a operar em 2017. Agora, é pouco provável que o projeto seja concluído antes de março de 2019, no melhor dos casos, com base em um calendário que a companhia mostrou nas reuniões. Perguntada sobre os atrasos, a Apple remeteu ao comentário de Cook em setembro após a decisão da UE sobre os impostos, de que a companhia continua "comprometida com a Irlanda".

Rapidamente, o projeto atolou devido a objeções sobre o planejamento. Na semana passada, um tribunal de Dublin concordou em dar via rápida para um segundo recurso legal para a aprovação do planejamento, embora isso signifique que o caso só será julgado dentro de quatro meses. Apesar de ser improvável que o tribunal bloqueie totalmente a construção do centro, ele poderia enviar o projeto de volta para o processo de planejamento se encontrar falhas no procedimento anterior.

Título em inglês: Apple's $1 Billion Plan Hits a Three-Person Roadblock in Ireland

Para entrar em contato com os repórteres: Dara Doyle em Bruxelas, ddoyle1@bloomberg.net, Peter Flanagan em Dublin, pflanagan23@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Daniela Milanese dmilanese@bloomberg.net, Patricia Xavier

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