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Melhores chardonnays do século 21 são produzidos em Ontário

Elin McCoy

28/11/2016 20h57

(Bloomberg) -- Paramentado com chapéu de três pontas e casaca vermelha, o arauto oficial desta cidadezinha na província de Ontario tocou um sino para anunciar a degustação que mais me impressionou neste ano: "O Julgamento de Kingston".

A competição de olhos vendados realizada em 6 de novembro colocou chardonnays prestigiados da Califórnia, como o Chateau Montelena, contra variedades do condado de Prince Edward, uma região vinícola pouco conhecida na orla norte do Lago Ontário.

Eu era a única americana no painel de avaliadores, mas assim como os juízes canadenses, eu dei aos chardonnays de Ontário primeiro e segundo lugar, à frente dos exemplares do Vale do Napa. Eram incríveis: leves e precisos, com acidez pontiaguda, camadas suculentas de cítricos e sabores rochosos, além da elegância que faltava aos vinhos da Califórnia.

Os dois vencedores --Run JCR Vineyard (medalha de ouro) e Closson Chase South Clos (medalha de prata)-- me lembraram burgundies brancos de qualidade premier cru, só que a um preço bem mais acessível.

Esses vinhos brancos canadenses têm recebido prêmios internacionais nos últimos três anos e estão prestes a fazer enorme sucesso no mapa global.

A uva chardonnay é surpreendentemente adaptável, mas os melhores vinhos vêm de regiões mais frias, onde os cachos frequentemente ficam no limite da maturidade. Isso traz aromas expansivos, mineralidade vívida e uma espinha dorsal de acidez marcante. Sol demais deixa as uvas chardonnay inchadas e sem graça --estilo cada vez mais fora de moda. A uva chardonnay de clima frio é que está "in" no momento.

O condado Prince Edward é o local que mais recentemente prometeu grandeza à categoria chardonnay e hoje abriga cerca de 40 vinícolas butique. Fica a aproximadamente 180 quilômetros ao leste de Toronto e tem um charme rural típico. É uma península que adentra o profundo e gelado Lago Ontário. Suas montanhas suaves são delimitadas por praias de areia. E a história de uvas para produção de vinhos só começou aqui junto com o século 21.

Um vento gélido soprava do lago em novembro quando descobri uma estrela em ascensão, a vinícola de Norman Hardie, um pioneiro do condado em chardonnay (e excelente em pinot noir também). Seus vinhos não participaram da degustação em Kingston, mas foram os melhores que provei da região.

O falante Hardie já produziu vinhos no Oregon, na África do Sul, na Califórnia, na Nova Zelândia e em Burgundy. "Vim em 2001 pelo solo de pedra calcária e argila e pelo clima", contou Hardie, enquanto desenrolava um mapa em sua sala de degustação. "As cidades daqui foram organizadas por tipo de solo há mais de 100 anos."

Em Niagara faz menos frio do que em Prince Edward e os chardonnays da região são mais amplos, saborosos e maduros, mas estou convencida de que Prince Edward produz os exemplares mais empolgantes da província de Ontário. Porém, tenho a mente aberta. Mesmo mais ao norte, ao longo da orla rugosa de granito da Baía Georgiana, no Lago Huron, as vinícolas estão plantando uvas chardonnay onde antes havia pomares de maçãs e peras. Mal
posso esperar para ver o que sai dali.

Esta é uma lista de chardonnays de Ontário que você deve comprar imediatamente (preços praticados nos EUA):

De Prince Edward:
Norman Hardie County Unfiltered - safra 2014 (US$ 35)
Closson Chase South Clos - safra 2014 (US$ 30)
Rosehall Run JCR Vineyard - safra 2013 (US$ 22)
Huff Estates South Bay - safra 2014 (US$ 22)
Keint-He "Greer Road" - safra 2014 (US$ 26)

De Niagara:
Southbrook Vineyards Poetica - safra 2013 (US$ 50)
Thomas Bachelder Wismer Foxcroft No. 2 - safra 2013 (US$ 45)

Malivoire Moira - safra 2013 (US$ 30)
Tawse Quarry Road - safra 2013 (US $30)