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Seis bilhões de buscas diárias monitoram a economia chinesa

Bloomberg News

28/11/2016 21h04

(Bloomberg) -- Wu Haishan estava na Universidade de Princeton estudando como os peixes em cardumes nadam juntos. Mas foi o comportamento coletivo de um grupo bem maior que capturou a atenção dele pra valer: o de seus 1,35 bilhão de compatriotas na China.

Era o Ano Novo Lunar em 2014. A Baidu, operadora do maior mecanismo de busca na internet do país, havia criado uma animação para todas as viagens que os chineses faziam durante esse feriado, quando ocorre a maior migração humana do mundo.

Ele logo se juntou à empresa como cientista de dados em Pequim. Lá ele acompanha informações de localização de usuários para produzir índices econômicos, como quais áreas urbanas são de fato cidades
fantasmas e quantas pessoas estão comprando carros.

Gurus de big data como Wu estão proporcionando uma visão mais precisa da economia local porque, diferentemente do que ocorre na maioria dos países desenvolvidos, as estatísticas oficiais da China são frequentemente suspeitas ou incompletas e indicadores privados às vezes desaparecem.

"Estávamos sem rumo, focando em aspectos diversos, como mercado de trabalho ou portos", disse Jeffrey Towson, professor de investimentos na Faculdade de Administração Guanghua da Universidade de Pequim. "Essa nova informação deve melhorar a informação existente. É como acender as luzes e de repente enxergar tudo."

Por ora, a enxurrada de fontes de dados proporciona aos investidores globais um novo olhar sobre o país. A China UnionPay processa centenas de milhões de pagamentos por cartão toda semana. A Alibaba Group Holding relatou 3,1 trilhões de yuans (US$ 485 bilhões) em compras online no último ano fiscal, quantia praticamente igual ao PIB da Suécia.

A Baidu realiza 6 bilhões de buscas diárias e é líder em mapas digitais, gerando dados de localização para usuários de dispositivos móveis e também para aplicativos baseados em seus dados geográficos. A tecnologia mostra, por exemplo, quantas pessoas entram em lojas da Apple, o que pode sinalizar o nível de interesse pela próxima versão do iPhone.

Wu usou os dados de busca e mapeamento para encontrar cidades fantasmas, que se revelam por meio de edifícios onde se registra pouca atividade por telefones celulares. Junto com sua equipe de 10 pessoas, ele usou a tecnologia para produzir um conjunto de indicadores para o tráfego de visitantes em shopping centers, o volume de turistas e o nível de emprego nos setores industrial e de alta tecnologia.

"Não sabíamos se haveria qualquer valor comercial", afirmou Wu em entrevista no campus da Baidu no noroeste de Pequim. Investidores institucionais enxergaram esse valor e encontraram Wu assim que ele divulgou seus indicadores em junho.

Ainda não existem dados oficiais na China para alguns indicadores fundamentais, como uma taxa de desemprego baseada em uma pesquisa feita regularmente. Um indicador privado do setor manufatureiro compilado pela Minxin foi suspenso indefinidamente neste ano e o cálculo de um indicador preliminar de atividade industrial pela Markit Economics e pela Caixin Media foi interrompido no ano passado.