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Marina para oligarcas impulsiona fundo de pensão do Santander

Joe Mayes

29/11/2016 14h48

(Bloomberg) -- O gestor dos fundos de pensão no Reino Unido do Banco Santander tinha um público específico em mente quando mandou reformar as instalações de vestiário feminino da Marina Haslar, na costa sul da Inglaterra.

Agora, "quando o oligarca russo ancora seu superiate, a namorada dele pode tomar uma ducha sem balançar", explicou Antony Barker, diretor de investimentos do fundo de 11 bilhões de libras esterlinas (US$ 14 bilhões). "Os antigos lembravam o interior de uma balsa; os novos têm enormes espelhos, secadores de cabelo e mesas para maquiagem."

A renovação da marina, com aproximadamente 650 berços de ancoragem, ilustra a mudança de estratégia de investimento no ramo de aposentadoria: a compra de mais propriedades imobiliárias e menos títulos públicos para tentar fechar um rombo de 1,2 bilhão de libras.

O déficit do fundo é comum em toda a Europa e papéis de baixo rendimento vêm forçando gestores a diversificar para garantir renda adequada a aposentados que vivem mais.

O Santander é dono de quatro marinas e está prestes a comprar uma quinta, disse Barker. Sua carteira crescente de ativos alternativos inclui uma distribuidora sul-africana de cogumelos, uma variedade de pubs britânicos e a Manchester Arena, estádio com capacidade para 21 mil pessoas onde o pop star canadense Justin Bieber se apresentou no mês passado.

"Somos mais ativos do que a maioria", disse Barker. "Temos uma reputação global por fazermos negócio e enxergamos muitas oportunidades."

A alocação em ativos imobiliários, de infraestrutura e em empreendimentos iniciantes representa aproximadamente 40% do total hoje, vindo de menos de 10% em 2012, segundo Barker. A ideia é expandir ainda mais, com 500 milhões de libras esterlinas dedicadas a participações em empresas de capital fechado. A alocação em ativos alternativos entre os maiores mercados de pensão do mundo se ampliou de 5% em 1995 para 24% em 2015, de acordo com dados da Willis Towers Watson.

Ativos em situação de estresse

Barker pondera investir em ativos em situação de estresse no setor petrolífero e vem acumulando uma carteira de alojamentos estudantis no Reino Unido.

"Achamos possível manter as coisas por cinco a sete anos, administrá-las ativamente e aprimorar a proposta com intenção de vender", disse Barker. "É isso o que estamos sempre buscando."

O valor dos ativos do fundo de pensão bateu recorde em setembro e acumula alta de aproximadamente 25% neste ano, segundo Barker. Comparativamente, os títulos do governo britânico deram retorno de 8,6% e o índice acionário FTSE 100 avançou 15,3%. O gestor entregou taxa anualizada de retorno próxima de 14% nos últimos três anos.

Ainda assim, o déficit permanece acima de 1,2 bilhão de libras esterlinas, como na última avaliação, em 2013. Isso por causa da queda dos rendimentos dos títulos públicos, da elevação dos passivos e de mudanças no cálculo do déficit, disse Barker. O Santander precisará injetar pelo menos 140 milhões de libras todo ano nos fundos de pensão entre 2017 e 2023 para cobrir o rombo, de acordo com o relatório anual do banco.