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Desejo dos americanos de fazer turismo em Cuba se vê frustrado

Jack Kaskey e Mary Schlangenstein

30/11/2016 14h24

(Bloomberg) -- As companhias aéreas dos EUA estavam em êxtase no começo deste ano quando foi anunciado que voltaria a haver voos comerciais para Cuba após mais de 50 anos. Um executivo de uma importante empresa disse que essa era praticamente uma "oportunidade que só aparece uma vez na vida".

As companhias aéreas dos EUA começaram a oferecer voos a Havana nesta semana, mas já existem dúvidas sobre o tão aguardado auge das viagens a Cuba.

Citando a demanda fraca, a American Airlines reduziu seus planos para quase um quarto dos voos a Cuba no início do próximo ano. E, em um golpe potencialmente paralisador, o presidente eleito Donald Trump ameaça rescindir as novas políticas flexibilizadas com a ilha, o que deixa no limbo o futuro das viagens ao país.

Os comentários de Trump já levaram alguns turistas a adiantar seus planos de visitar Cuba para antes que ele assuma o cargo ou a adiá-los enquanto suas políticas não estiverem claras.

"As pessoas temem que Trump feche as fronteiras de novo, e aí vai ser impossível ir para lá", disse Alexandre Chemla, fundador da Altour, a maior agência de viagens de propriedade independente dos EUA. "A situação é de esperar para ver, por causa de Trump e de tudo o que ele disse."

A decisão da American não está relacionada com o possível recuo de Trump em Cuba, disse Matt Miller, porta-voz da American Airlines, observando que a companhia implementou o corte no fim de semana anterior à eleição presidencial.

Serviço diário

A incerteza representa um forte contraste em relação a março, quando as companhias aéreas dos EUA solicitaram autorização para realizar quase 60 voos diários de ida e volta a Havana, o triplo das 20 frequências diárias autorizadas pelo acordo entre os EUA e Cuba. Elas também solicitaram 10 trajetos diários de ida e volta a cada um dos nove outros destinos na ilha.

Isso ocorreu depois que o presidente Barack Obama deu ordens executivas, no ano passado, que autorizaram agências de viagem e a população a reservar voos diretos ao país comunista se os passageiros se enquadrarem em algum dos 12 motivos aceitáveis para uma visita, como atividades educativas ou visita a familiares. Um embargo comercial dos EUA continua impondo condições às viagens e ao comércio.

Oito companhias aéreas, incluindo a American, deram início ao serviço à Havana nesta semana, e estima-se que um total de 500 voos à cidade serão realizados até o fim do ano, de acordo com o Departamento do Transporte dos EUA. Voos a cidades cubanas menores foram iniciados anteriormente neste ano. Uma redução dos voos a Cuba provavelmente não prejudicará materialmente os negócios das companhias aéreas.