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Legalização da maconha impulsiona aluguel de galpões nos EUA

Polly Mosendz e Patrick Clark

30/11/2016 16h15

(Bloomberg) -- Chris Abbott levou seis longos meses para encontrar um espaço para abrigar sua empresa em expansão. O armazém de 930 metros quadrados perto de Portland, no Estado americano do Oregon, antes era usado para guardar compressores industriais. Após a pintura das paredes de bloco com tinta branca, o local lembra uma mistura de laboratório avançado com padaria. É a fábrica da Botanica, empresa fundada por Abbott que produz alimentos à base de maconha.

Agora, a Botanica poderá expandir seu negócio do Estado vizinho de Washington para o Oregon. Mas o aluguel não é barato. Na região de Portland, o aluguel anual de áreas industriais fica na casa de US$ 5 por pé quadrado (0,09 metro quadrado). No entanto, empresas que trabalham com cannabis pagam ágio de US$ 12 até US$ 18.

"Estávamos dispostos a pagar acima do valor de mercado para conseguir um espaço lá", disse Abbott. "A maior barreira de entrada no Oregon é conseguir o imóvel."

A breve história da maconha legalizada nos EUA é marcada por relatos de oferta limitada e aluguel acima do praticado no mercado. Leis locais que delimitam onde os negócios com cannabis podem operar e restrições ao financiamento bancário restringem a oferta de propriedades disponíveis para empreendedores como Abbott.

Por outro lado, os donos de armazéns e galpões estão enchendo os bolsos. Em novembro, eleitores aprovaram medidas de legalização da maconha para uso recreativo em Nevada, Califórnia, Massachusetts e, talvez, no Maine. Alguns outros Estados aprovaram o uso para fins medicinais.

Os votos logo impactaram o mercado imobiliário. A Canndescent, empresa de Santa Barbara, Califórnia, que cultiva a planta, pagou US$ 360.000 por um hectare em Desert Hot Springs. Recentemente, um interessado ofereceu US$ 1 milhão pelo mesmo espaço, segundo o proprietário Adrian Sedrin.

"Quem tem o lote certo, com benfeitorias e na jurisdição certa, definitivamente verá apreciação do terreno como resultado da Proposta 64", ele acrescentou, se referindo à provisão estadual para uso recreativo da maconha.

Um movimento parecido pode ocorrer em breve no Maine, que está fazendo a recontagem dos votos após a aprovação apertada de uma medida sobre o uso recreativo da planta. Antes da proposta, um espaço de meio hectare que já foi usado como centro de distribuição de pneus perto da maior cidade do Estado ficava às moscas. No começo do ano, um investidor fechou acordo por US$ 30 por pé quadrado, muito abaixo do valor praticado na região, e começou a fazer melhorias nos sistemas de encanamento, eletricidade e ventilação, apostando que a nova lei criaria demanda por empreendimentos de cultivo de maconha.

Muita fumaça cobre a perspectiva para os empreendimentos de maconha dentro da lei. O presidente eleito Donald Trump indicou o senador republicano Jeff Sessions, declaradamente contra a legalização, ao cargo de secretário de Justiça. A organização Smart Approaches to Marijuana, também contra a legalização, sugeriu que a nomeação dele vai paralisar novos investimentos no setor. A Associação Nacional da Indústria de Cannabis prontamente divulgou um comunicado lembrando Sessions que, embora seja contra a maconha, ele se declara a favor dos direitos dos Estados.

E os negócios continuam.

Título em inglês: Weed Votes Are Already Boosting Warehouse Rents

Para entrar em contato com os repórteres: Polly Mosendz em N York, pmosendz@bloomberg.net, Patrick Clark Ny, pclark55@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Daniela Milanese dmilanese@bloomberg.net, Patricia Xavier

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