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Mundo sente peso dos traders de commodities da China

Bloomberg News

30/11/2016 12h29

(Bloomberg) -- Os especuladores chineses que agitam os mercados mundiais de commodities estão em plena atividade, cheios de dinheiro e, provavelmente, com poucas horas de sono.

Pela segunda vez neste ano as negociações dispararam nas bolsas do país, elevando os preços de tudo, do zinco ao carvão, aos patamares mais altos em anos e levando as autoridades a correrem para desinflar a bolha antes de ela estourar. Os corretores de metais perceberam o pânico no início do mês quando o frenesi contagiou os mercados de Londres e Nova York e provocou fortes oscilações de preço que não estão dando sinais de diminuir.

Bilhões de yuans foram injetados por hordas de investidores individuais chineses que não parecem se importar muito com os fundamentos do mercado, e corretores e traders afirmam que mais fundos ainda devem chegar, vindos de um exército cada vez maior de hedge funds endinheirados. Eles buscam retornos melhores nas commodities em um momento em que as ações e os imóveis enfraquecem, muitas vezes utilizando algoritmos e negociando até altas horas, quando os mercados em Londres e Nova York estão mais ativos.

"Não há dúvida de que as movimentações de preço e o aumento dos volumes em todo o mundo estão sendo provocados pelos chineses e por especuladores profissionais e operadores financeiros", disse Tiger Shi, sócio administrativo da corretora BANDS Financial, que conta com vários desses fundos como clientes. "Os hedge funds e os investidores institucionais ocidentais não sabem bem o que está acontecendo. Eles estavam acostumados a negociar frequentemente com fatores macro ou com as políticas do Fed, mas agora eles percebem que têm menos vantagens."

Shi, que foi chefe de metais na Ásia do Jefferies Group e da Newedge Financial, estima que a China poderia ter mais de 5.000 hedge funds ativos em commodities. Pelo menos dez administram ativos de mais de 10 bilhões de yuans (US$ 1,4 bilhão).

O uso de negociações algorítmicas, em que computadores executam várias ordens em milissegundos, está turbinando o volume e a volatilidade, de acordo com Fu Peng, gerente de carteira da Lianzhan Global Macro Fund Management. Cerca de um terço da atividade nas bolsas chinesas é executada por comandos automatizados, que geram mais volume e maior dinamismo nos mercados mundiais, estima Shi.

Um exemplo recente ocorreu no dia 11 de novembro. O cobre em Xangai registrou o maior salto desde que começou a ser negociado, em 2004, em meio a uma disparada do volume. Na Bolsa de Metais de Londres, ele chegou a avançar 7,6 por cento e depois caiu 1,7 por cento durante a noite na Ásia. A diferença entre o pico e o piso do dia foi de mais de US$ 500, a maior em cinco anos, e a intensidade da oscilação foi igualmente grande no mercado de futuros de Nova York.

Em menos de duas semanas deste mês o valor das transações diárias nas três bolsas de commodities da China mais do que dobrou e atingiu o pico de US$ 226 bilhões no dia 14 de novembro. Devido à especulação de que reformas do governo estão ajudando a reduzir o excesso de oferta de matérias-primas em meio a sinais de melhoria da demanda, o dinheiro chinês está sendo injetado nas commodities porque os investidores buscam retornos melhores do que os de outros ativos, como ações e imóveis, de acordo com Fu, da Lianzhan Global Macro Fund Management.