Alta de ação farmacêutica da Índia calou trolls do Twitter
(Bloomberg) -- Durante mais de dois anos Kiran Mazumdar-Shaw teve um encontro trimestral com os trolls do Twitter.
A cada três meses, depois que sua companhia farmacêutica com sede em Bangalore, na Índia, informava seus resultados, os trolls apareciam, diz Mazumdar-Shaw. Eles diziam à diretora administrativa e cofundadora da Biocon que ela era a pior líder empresarial do país, que ela deveria abrir mão de sua participação na firma, que ela era o motivo pelo qual as mulheres não deveriam administrar empresas.
Sua resposta quebrava uma das regras implícitas do Twitter -- não alimentar os trolls -- na tentativa de explicar aos assediadores que sua empresa se especializava em remédios biológicos complexos, não em medicamentos químicos. Por isso, enquanto outras fabricantes indianas de remédios viam o preço de suas ações subirem porque vendiam cópias baratas de medicamentos químicos, ela explicava aos trolls que estava fazendo investimentos de longo prazo que garantiriam uma recompensa maior se eles fossem pacientes.
Neste ano os trolls sumiram de repente, diz ela. Mazumdar-Shaw reconhece que isso teve mais a ver com a alta de quase 80 por cento em sua ação do que com seus esforços. Este foi o melhor retorno entre as ações de fabricantes de medicamentos genéricos de todo o mundo, depois que uma das cópias da Biocon de um remédio biológico líder de vendas fez o seu primeiro avanço em um mercado desenvolvido.
"Agora as pessoas entendem como é a história, elas compreendem o que eu estava tentando fazer. E, de uma hora para a outra, percebem que nós somos líderes em remédios biológicos e biofarmacêuticos e sentem que talvez todos os outros tenham deixado passar essa oportunidade", disse ela em entrevista na sede de sua empresa.
Investimentos
Os remédios biológicos são fabricados com substâncias de células vivas e, por isso, são excepcionalmente difíceis de copiar. As versões mais baratas desses medicamentos, chamadas biossimilares, estão se tornando uma parte importante dos armários de remédios do mundo.
Nos casos em que foram realizados investimentos na Índia, eles seguiram um modelo mais cauteloso iniciado por outra companhia, a Dr. Reddy's Laboratories, que se concentra em desenvolver negócios de biossimilares em países em desenvolvimento, onde a aprovação é mais rápida e menos dispendiosa. A esperança dessas empresas é que o custo de entrar nos mercados desenvolvidos acabe caindo.
O que está em jogo entre as estratégias contrastantes dessas duas companhias indianas é se o país poderá conservar sua posição vital na rede farmacêutico de abastecimento mundial e os bilhões em exportações de produtos farmacêuticos que a acompanham.
Desenvolver uma versão genérica de um remédio químico raramente custa mais do que US$ 5 milhões ou demora mais de um ano, mas o desenvolvimento de biossimilares pode custar de US$ 40 milhões a US$ 50 milhões e chega a demorar quatro anos, de acordo com a IIFL Holdings. Esse custo pode chegar a US$ 100 milhões quando entra em mercados desenvolvidos.
A Biocon e outras empresas de remédios biológicos de menor porte contornaram isso estabelecendo parcerias com companhias maiores a fim de levar seus biossimilares a grandes mercados.
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