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Restaurantes ampliam negócio e oferecem quartos para pernoite

Adam Erace

06/12/2016 14h28

(Bloomberg) -- Birregurra, a remota vila australiana a duas horas a oeste de Melbourne, é mais conhecida por sua população de coalas que por sua culinária. Mas a área (com 668 habitantes), no entanto, abriga o Brae, um dos melhores restaurantes da Austrália, onde o chef e proprietário Dan Hunter cultiva 12 hectares orgânicos para seu cardápio de degustação noturno.

No ano passado, atormentado pela sensação de que estavam deixando de lado um elemento crucial que tornaria a experiência completa, ele trabalhou com seus sócios para financiar um investimento de US$ 2,5 milhões em seis luxuosas suítes para convidados na propriedade rural.

"Recebíamos tantos pedidos de hospedagem dos clientes que isso nos confirmou que precisávamos oferecer algo luxuoso", diz a sócia e esposa de Hunter, Julianne Bagnato.

"Mantivemos nosso foco na estética personalizada e levamos as suítes a um nível de luxo que não é visto com frequência fora das grandes cidades da Austrália." Os quartos estão equipados com luxos mundanos, como lençóis de algodão orgânico e bares de coquetéis completos, mas também estão em consonância com a abordagem ecológica do restaurante, que utiliza energia solar, materiais de construção reciclados e até mesmo um sistema de tratamento de águas residuais que utiliza minhocas.

Para chefs como Hunter, donos de restaurantes localizados em mercados com poucos hotéis de certa qualidade -- ou hotéis, ponto --, a hotelaria está se transformando em um negócio paralelo cada vez mais popular.

De fato, o velho paradigma do setor está sendo virado de cabeça para baixo: em vez de pernoite e café da manhã, estão sendo oferecidos jantar e travesseiro, a tendência no ramo alimentício similar ao conceito de "bed & beverage" (cama e bebida, em tradução livre) dos bares de coquetéis que também oferecem quartos.

O Rancho Loma, em Talpa, Texas, está a três horas de carro de Dallas e Austin. Há três anos, após uma década desenvolvendo um grupo de seguidores com cardápios de degustação elaborados com ingredientes da região oeste do Texas, a chef Laurie Williamson e seu marido e sócio Robert construíram cinco suítes minimalistas, incluindo uma com banheira de imersão independente com vista para a interminável pradaria. "Ter que voltar de carro cortava o barato", diz ela. "As pessoas estavam tendo uma noite ótima, comendo e bebendo, mas precisavam interrompê-la."

A ideia ganhou força também mais perto da civilização. Em Minneapolis, o chef Alex Roberts se empenhou para mudar uma lei municipal, em janeiro, a fim de tornar mais fácil para hotéis e alojamentos a escolha de sua localização e de seu tamanho. Essa mudança reduziria a exigência do número mínimo de quartos de hotéis de 50 para cinco. Assim, em novembro ele abriu o Hotel Alma, com sete quartos e inspiração nórdica, uma extensão montada sobre seu restaurante Alma.

O jantar para duas pessoas no Brae, em Birregurra, sai por US$ 394 com harmonizações de bebidas. Os quartos, inaugurados em fevereiro, custam em média US$ 335 por noite, totalizando US$ 728 com jantar e harmonizações com bebidas. As reservas de fim de semana se esgotam com seis meses de antecedência, "logo que são disponibilizadas", diz Bagnato. E Williamson, de Talpa, Texas, considera que os bangalôs minimalistas anexos ao Rancho Loma são "a coisa mais inteligente que já fizemos. Construímos cinco quartos, mas deveríamos ter feito o dobro."