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Risco de alta do petróleo aquece setor de aviação da Índia

Anurag Kotoky

20/12/2016 15h31

(Bloomberg) -- Os passageiros de avião no mundo inteiro estão se preparando para pagar passagens mais caras depois que a Opep decidiu reduzir a produção no mês passado. Menos os da Índia, o mercado de aviação com maior crescimento no mundo.

As aéreas baixaram os preços em novembro e estão vendendo passagens cerca de 12 por cento mais baratas em média do que um ano atrás para voos de Mumbai a Nova Deli, segundo a Yatra.com, a segunda maior agência de viagens on-line da Índia. Os maiores descontos foram de até 30 por cento na sétima rota local mais concorrida do mundo.

A redução de preços durante o pico da temporada de fim de ano ameaça eliminar os lucros acumulados com o petróleo barato e fazer com que algumas companhias aéreas voltem a ter prejuízo. Companhias aéreas na China e na Índia estão expandindo suas capacidades com encomendas de centenas de aviões e atraindo passageiros com descontos. O excesso de capacidade e passagens que oferecem preços de até US$ 0,02 para quem voa pela primeira vez limitaram a capacidade das aéreas indianas de traduzir o aumento do número de passageiros em lucros.

Passagens baratas

A IndiGo vendeu uma passagem de Nova Deli para Mumbai pelo preço médio de 3.784 rúpias (US$ 56) em meados de novembro, 30 por cento a menos do que um ano atrás, e a Vistara, unidade local da Singapore Airlines que oferece comida grátis e streaming por wi-fi a bordo, reduziu os preços em 24 por cento, para 4.917 rúpias. A Jet Airways India e a SpiceJet também cortaram os preços em 6 por cento e 9 por cento, segundo a Yatra.com. No mesmo mês, os preços de varejo do combustível para aviões deram um salto de 17 por cento em Nova Deli.

As aéreas indianas, que normalmente não adquirem coberturas para combustível de avião, se beneficiam mais quando os preços do petróleo caem. Se o petróleo bruto não tivesse caído muito nos 24 meses anteriores, o setor de aviação indiano teria registrado perdas de 67 bilhões de rúpias antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) no ano encerrado em 31 de março, segundo o CAPA Centre for Aviation, com sede em Sidney. Em vez disso, o lucro inesperado gerado com o petróleo barato foi de 45 bilhões de rúpias em Ebitda.

"O crescimento sem lucros em 2004-2008 ficou exposto assim que o setor enfrentou a disparada dos preços do combustível e a crise financeira global", disse Kapil Kaul, CEO do CAPA para o sul da Ásia. "Se as companhias aéreas indianas experimentarem outra fase de crescimento rápido sem capital suficiente, a euforia poderia desabar quando o próximo choque externo ocorrer."