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Análise: Alibaba começa a focar em lojas físicas

Nisha Gopalan

10/01/2017 15h08

(Bloomberg) -- A iniciativa da Alibaba Group Holding para dar mais impulso às lojas físicas poderia ser muito oportuna.

O gigante chinês do comércio eletrônico está liderando uma oferta para converter a Intime Retail Group, operadora de lojas de departamento, em uma empresa de capital fechado, segundo um comunicado enviado à bolsa de Hong Kong. A Alibaba e o fundador da Intime, Shen Guojun, pagarão 10 dólares de Hong Kong (US$ 1,30) pelas ações da Intime que ainda não possuem, em um negócio avaliado em cerca de US$ 2,6 bilhões.

A Alibaba começou a adquirir participações na Intime, com sede em Pequim, em 2014, a fim de integrar melhor as compras on-line e off-line, e o presidente da Alibaba, Daniel Zhang, se tornou presidente da Intime no ano seguinte. Incluindo sua participação de quase um quinto na varejista de eletrônica Suning Commerce Group, a empresa parece estar cada vez mais presente no mundo real.

Pode ser tentador considerar esses investimentos como apostas inapropriadas. O setor de comércio eletrônico chinês está crescendo e a oferta da Alibaba representa um prêmio de 42 por cento sobre o último preço de encerramento da Intime. Mas essas incursões também poderiam proporcionar uma solução perfeita para a desaceleração do crescimento das vendas online da Alibaba, que apesar de tudo ainda é impressionante.

Apesar de todo o seu peso, o setor on-line está diminuindo, fato que até o presidente da Alibaba, Jack Ma, admite. A plataforma Tmall.com, da Alibaba, teve um crescimento de vendas de cerca de 32 por cento na edição do Dia dos Solteiros do ano passado em relação a 2015, em comparação com um aumento de 60 por cento no período anterior. Além disso, embora as vendas da Suning e da Intime tenham caído, o declínio está começando a se estabilizar graças a ofertas mais inovadoras. A Intime, por exemplo, abriu sua primeira ponta de estoque em janeiro de 2016 em Hangzhou - um gigante de 65.000 metros quadrados com lojas, restaurantes, um playground e cinemas.

Por outro lado, a Suning, com sede em Nanjing, Jiangsu, tem uma enorme rede de logística e centros de serviço pós-venda que a Alibaba poderia aproveitar. Com cerca de 1.600 pontos de venda em 289 cidades da China, sua presença é muito maior do que a da Intime, e as pessoas que fazem compras on-line podem ir buscar os produtos nas lojas.

Atualmente, não há muita coisa que diferencie a Alibaba da Amazon.com. Ela também está fazendo incursões no mundo físico em busca de uma solução para o desafio de mover mercadorias compradas on-line através de redes de distribuição do mundo real.

Mas a Alibaba tem a afiliada de pagamentos on-line Ant Financial, e tem mais lojas físicas, que podem ajudá-la a enfrentar seu problema com produtos falsificados. Além disso, apesar de o número de chineses on-line ser surpreendente, a maioria dos consumidores ainda prefere comprar coisas caras, como geladeiras, off-line. Para compras desse tipo é importante ter uma loja física, bem montada e com todos os atrativos de experiência para o cliente.

A Intime e a Suning também estão impulsionando suas divisões de comércio eletrônico, uma bênção para a Alibaba. A Suning tem uma participação de 4,5 por cento no mercado de comércio eletrônico entre empresas e consumidores da China, bem aquém dos 56,2 por cento do Tmall, que está abaixo dos 67 por cento do quarto trimestre de 2014.

Possuir uma parte maior da Intime dá à Alibaba ainda mais acesso ao maior pool de consumidores do mundo. E com uma classe média em crescimento e milionários sendo criados em um piscar de olhos, isso não é ruim.

Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e de seus proprietários.