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Flórida concentra mais cidades perigosas para pedestres nos EUA

Patrick Clark

10/01/2017 10h54

(Bloomberg) -- Quando a recessão se consolidou, menos americanos tinham empregos para ir de carro e outros economizavam o dinheiro do combustível andando de ônibus. Com menos motoristas nas ruas, havia menos mortes de pedestres.

Com a recuperação da economia, os americanos começaram a passar mais tempo nas ruas e os motoristas começaram a matar pedestres no ritmo pré-recessão.

Esse resumo simplificado e alarmante reflete um novo estudo da Smart Growth America, uma organização com sede em Washington D.C., que promove cidades acessíveis aos pedestres e que reporta que 4.884 pedestres americanos foram mortos em 2014, último ano com dados disponíveis. Trata-se do número mais alto desde 2005, um aumento de 19 por cento em relação a 2009, quando a recessão terminou nos EUA.

Outras conclusões alarmantes do relatório: os mais velhos, os pobres e os pedestres não-brancos têm uma probabilidade desproporcionalmente maior de serem mortos em um acidente de trânsito.

Oito das 10 cidades onde os pedestres estão em maior perigo ficam na Flórida, segundo o Pedestrian Danger Index da Smart Growth America, que compara o número de mortes no trânsito com dados do censo sobre o número de pessoas que vai a pé para o trabalho em cada região metropolitana. Entre elas estão Tampa, Orlando e Jacksonville, a segunda, a terceira e a quarta maiores cidades do estado. Miami, a maior cidade da Flórida em termos populacionais, foi a 11ª mais perigosa entre as 104 maiores metrópoles.

Por que as áreas metropolitanas da Flórida são as mais perigosas? Não ajuda o fato de o crescimento populacional do estado ter decolado no boom pós-Segunda Guerra Mundial, quando os planejadores, inebriados pela gasolina sem chumbo, sonharam com lugares urbanos que priorizassem os carros em vez das pessoas. Mas as cidades de todas as partes do país têm vias largas sem um número suficiente de lugares seguros para atravessar.

Parte da resposta está na demografia, disse Emiko Atherton, diretor da National Complete Streets Coalition.

"Em uma cidade como Seattle, as pessoas de alta renda saem às ruas a pé e o ato de caminhar é visto quase como um luxo", disse ela, acrescentando que pedestres mais ricos têm tido mais sucesso ao defender ruas mais seguras. Em estados como a Flórida "as pessoas caminham porque precisam, não porque querem".