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Petroleiras se expandem novamente após perderem 440 mil empregos

David Wethe

10/01/2017 10h51

(Bloomberg) -- A indústria do petróleo deverá ampliar seus investimentos pela primeira vez em três anos após cortar quase meio milhão de empregos em todo o mundo durante a crise, segundo a consultoria do setor Graves & Co.

Mais de três quartos dos 440.131 empregos do setor de petróleo eliminados em todo o mundo até o fim de 2016 vieram das provedoras de serviços a campos de petróleo, de empreiteiras especializadas em perfuração e de fabricantes de equipamentos, disse John Graves, cuja empresa de Houston assessora acordos do setor de petróleo e gás com auditorias e due diligence. Ele acompanha os anúncios de demissões de todos os segmentos do setor de petróleo desde o início da crise, em meados de 2014. Cerca de um terço dos cortes ocorreu nos EUA, estima Graves.

As empresas petroleiras estão começando a recontratar trabalhadores à medida que adicionam sondas aos campos de xisto da América do Norte para tirar vantagem dos preços do petróleo acima de US$ 50 o barril. Após cortes de investimentos sem precedentes nos últimos dois anos, as empresas de exploração deverão ampliar as despesas de capital em 7 por cento neste ano, escreveu David Anderson, analista do Barclays, na segunda-feira, em nota a investidores.

O número de trabalhadores dos EUA empregados no setor de extração de petróleo e gás aumentou ligeiramente após atingir o menor patamar em cinco anos em julho, segundo o Escritório de Estatísticas de Trabalho do país.

"O agressivo corte de custos desta crise reverteu boa parte da inflação relacionada aos empregados e à expansão urbana", disse Anderson na nota. "A redução da mão de obra qualificada, que migrou para setores menos cíclicos e com emprego mais seguro, renda mais estável e melhor equilíbrio entre vida e trabalho, poderia criar uma inflação de custo e um gargalo para uma recuperação acentuada."

Depois que as quatro maiores empresas de serviços do mundo gastaram US$ 3,12 bilhões com demissões nos últimos dois anos, o setor está bastante ciente da pesada dependência em relação à mão de obra nos campos de petróleo, disse Art Soucy, presidente de produtos e tecnologia da Baker Hughes, no mês passado, em reunião com investidores.

A nova estimativa de Graves para os cortes de empregos é 25 por cento maior que a de outro relatório emitido por ele em maio, quando o total de cortes de funcionários chegou a 350.000 durante a crise.

As empresas de exploração e produção, que contratam as companhias de serviço para perfurar seus poços, foram responsáveis por 90.480, ou 21 por cento, das demissões, disse Graves na segunda-feira. As empresas do setor de refino responderam por apenas 3 por cento da redução da mão de obra.

O West Texas Intermediate, referência do petróleo dos EUA, quase dobrou desde o patamar mínimo atingido em fevereiro do ano passado. As empresas de exploração dos EUA já adicionaram mais de 100 sondas desde setembro.