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Waymo, da Alphabet, pode vender hardware autônomo a outras cias.

Mark Bergen e Keith Naughton

10/01/2017 10h58

(Bloomberg) -- Quando for lançada comercialmente, a Waymo, a unidade automotiva da Alphabet, terá uma arma importante em seu arsenal: hardware especializado em direção autônoma construído internamente.

No domingo, no Salão Internacional do Automóvel Norte-Americano, em Detroit, a Waymo revelou um conjunto melhorado de sensores e afirmou que reduziu o custo de sua tecnologia fundamental. Até o momento, a Waymo fechou acordo com uma fabricante de carros, a Fiat Chrysler Automobiles, para equipar os veículos com seu kit totalmente autônomo, incluindo hardware e software.

Será que no futuro a Waymo venderia hardware -- como seus novos e mais baratos sensores LiDAR -- a outras companhias?

"É possível", disse o CEO da Waymo, John Krafcik, em entrevista à Bloomberg News, na segunda-feira.

A estratégia representaria uma mudança de rumo da empresa controladora do Google, que promovia seus veículos autônomos completos próprios no passado, e não componentes específicos. As vendas de sensores dariam outra chance à Waymo com os acordos do setor. Algumas fabricantes de veículos, incluindo a Ford Motor, colocaram obstáculos nas negociações para formação de parcerias devido a divergências sobre o compartilhamento de dados, segundo pessoas com conhecimento das discussões.

A decisão da Waymo de fabricar seus próprios sensores, radares e câmeras, além do software, pode aumentar a concorrência com empresas que oferecem tecnologia de direção autônoma aos fabricantes de automóveis. As ações da empresa Mobileye, que desenvolve sistemas que modelam o entorno dos veículos, caíram 4,4 por cento em Nova York, para US$ 39,86, maior declínio em um único dia desde meados de novembro.

"Há uma chance de que esse desenvolvimento do Google seja considerado um progresso adicional a um ritmo de mudança mais rápido que o da Mobileye", escreveu Neil Campling, chefe de pesquisa de tecnologia, mídia e telecomunicações globais da Northern Trust Capital Markets, por e-mail, na segunda-feira. "O mesmo poderia sugerir que o Google está se movendo mais em direção a oferecer soluções ponta a ponta para o fabricante de equipamentos originais no mundo dos veículos autônomos e minando a posição da Mobileye."

Em entrevista anterior em Detroit, o CEO da Fiat Chrysler, Sergio Marchionne, ressaltou que sua empresa é uma verdadeira parceira da Alphabet, e não uma simples fornecedora. "Não estamos perdendo dinheiro", disse ele sobre o acordo da Waymo. "Mas isso não é algo que altera nossas metas de lucro."

Krafcik preferiu não dar mais detalhes sobre a parceria com a Fiat Chrysler, mas falou a respeito de um possível acordo com a Honda Motor.

"Existe um alinhamento filosófico realmente forte entre as duas empresas", disse Krafcik. "A Honda representa o Japão e uma sociedade que está envelhecendo bastante, na qual existe uma série de preocupações em termos de mobilidade. E grande parte da nossa mensagem é não apenas sobre segurança, mas também sobre mobilidade."