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Michael Kors e Prada temem queda e reduzem modelos de bolsa

Stephanie Wong

11/01/2017 12h15

(Bloomberg) -- Fabricantes de bolsas estão ocupadas combatendo o enfraquecimento da demanda e as reduções de preços nas lojas, e isso pode ter desviado a atenção delas para algo que poderia garantir o sucesso no longo prazo: a criatividade.

Michael Kors Holdings, Prada, Louis Vuitton, que pertence à LVMH, e Burberry Group reduziram o número de modelos lançados no trimestre passado, de acordo com a Edited, que fornece análises sobre a indústria da moda. Embora fabricantes e lojistas estejam preocupados com ficar com excesso de mercadoria, a falta de inovação tornará mais difícil reconquistar o entusiasmo dos consumidores, disse Milton Pedraza, consultor do setor de luxo em Nova York.

"Há uma sensação de catástrofe no setor -- estão todos na defesa, ninguém no ataque", disse Pedraza, que dirige o Luxury Institute. "O que se vê é uma enorme quantidade de imitações, menos inovação e menos criatividade, justamente no momento em que é necessário ousar."

A demanda por produtos de alta gama dos EUA ficou abalada no ano passado com a valorização do dólar e com as dificuldades econômicas internacionais. O medo do terrorismo também reduziu o turismo, uma grande fonte de gastos em bens de luxo.

As ações das marcas de primeira sofreram. Michael Kors, Coach e a maioria dos concorrentes tiveram um desempenho inferior no Standard & Poor's 500 Index em 2016. A Ralph Lauren registrou queda de 19% no ano passado.

Prada foi uma rara exceção, com uma alta de 9 por cento em Hong Kong no ano passado, um desempenho superior ao ganho de 0,4% do Hang Seng Index.

A fabricante italiana de produtos de luxo, que observou o preço de sua ação cair mais da metade após o pico registrado em 2013, se recuperou depois que o presidente do conselho,

Carlo Mazzi, projetou em agosto que a empresa voltaria a crescer em 2017. Prada chegou a subir 9,6%, para 30,70 dólares de Hong Kong, na quarta-feira, atingindo o mais alto patamar intradiário desde março.

Estoque morto

Em muitas lojas, a coleção de bolsas de diversas marcas de alta gama foi significativamente menor no fim de ano. Nos últimos três meses de 2016, o número de modelos novos lançados pela Michael Kors caiu 24% em relação ao trimestre prévio.

Prada e Louis Vuitton lançaram 35% menos modelos novos, e o número caiu 8 por cento na Burberry, de acordo com a Edited, que tem clientes como a Ralph Lauren e a loja virtual de produtos de luxo Net-A-Porter.

A Michael Kors não tinha um comentário imediato sobre a redução. LVMH e Prada preferiram não comentar. Burberry também não quis comentar, embora a companhia tenha afirmado em novembro que iria simplificar sua oferta e adaptar novidades de acordo com "necessidades locais".

Lançar o número certo de modelos não é uma tarefa fácil. As marcas precisam atingir o delicado equilíbrio entre criar um excesso de estoque -- o chamado "estoque morto" -- e ao mesmo tempo garantir que haja suficientes mercadorias novas e na moda para instigar os consumidores, disse Katie Smith, analista sênior de moda da Edited.

"Reduzir ao mínimo as novidades sem dúvida pode ameaçar as vendas", disse ela.