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Recrutadores dos EUA buscam bons atendentes de lanchonete

Leslie Patton

11/01/2017 14h51

(Bloomberg) -- Lisa Aragon simplesmente não conseguiu fazer o recrutador aceitar um não como resposta. Em um mês ela rejeitou cinco ofertas, que incluíam salário mais alto e quatro semanas de férias remuneradas.

Aragon não trabalha no Vale do Silício, nem em Wall Street. Longe disso. Ela é gerente de um Wendy's em Albuquerque, no Novo México, EUA. Em 20 anos, Aragon nunca havia sido perseguida tão agressivamente como foi pelo recrutador da rede de trucks Pilot Flying J, uma importante franqueada de restaurantes fast-food.

"Eu disse a ele que eu estou feliz onde estou", disse Aragon, 41, que já estava esperando bônus trimestrais e um aumento de salário por seu trabalho como treinadora. "Não há necessidade de mudar agora."

No rígido mercado atual, os restaurantes estão imersos em uma verdadeira batalha pelos trabalhadores. Os funcionários ganham bônus quando recomendam candidatos, e também estão ganhando refeições gratuitas e dias de folga, e a escassez de candidatos pode estar aumentando o salário mínimo sem a ajuda do Congresso.

Embora isso seja uma boa notícia para os trabalhadores, pode não ser tão boa para empresas e clientes. Os restaurantes também terão que aumentar os preços ou aceitar margens menores. O serviço de algumas lojas está sendo afetado.

A taxa de desemprego nos EUA foi de 4,7% em dezembro, perto do nível mais baixo em nove anos. Com seu apetite insaciável por novos trabalhadores, o setor de fast-food serve como um dos principais indicadores da escassez de mão de obra. Em setembro, a rotatividade anual dos trabalhadores de restaurantes subiu para 113%, nível mais alto desde que a empresa de monitoramento do setor People Report começou a coletar dados, em 1995.

Andrew Puzder, nomeado pelo presidente eleito Donald Trump para a Secretaria do Trabalho dos EUA, deve estar bastante ciente do fenômeno. Inimigo de aumentar o salário mínimo, ele é CEO da CKE Restaurants, dona das redes Hardee's e Carl's Jr. Trump prometeu limitar a imigração ilegal, o que irá intensificar ainda mais a demanda por empregos de menor qualificação.

"Trata-se de um mercado aquecido", disse Michael Harms, diretor-executivo de operações da TDn2K, a empresa controladora da People Report, com sede em Dallas, EUA. "Todos os funcionários, tenham eles 17 ou 40 anos, têm alternativas."

O chefe de Aragon já está fazendo tudo o que pode para conservar seus funcionários. No ano passado, Eddie Rodríguez, que opera 177 estabelecimentos do Wendy's na Flórida, no Novo México e no Texas, aumentou o salário por hora em quase um dólar, para uma média de US$ 9,05.

Terry Smith, que possui três McDonald's, disse que tem conseguido evitar a crise e manter sua equipe de 150 a 160 funcionários com pequenas regalias, como refeições gratuitas e folgas remuneradas. Além disso, ele visita cada um de seus restaurantes todos os dias, mostrando que conhece seus funcionários pelo nome.

"Eu rodo pelos restaurantes e eles me veem", disse ele. "Se você os tratar bem e se interessar por eles, eles ficarão."