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Pampa mira 'tight gas' na Argentina e adia xisto em Vaca Muerta

Jonathan Gilbert

12/01/2017 14h58

(Bloomberg) -- O presidente da Pampa Energía, Marcelo Mindlin, quer utilizar os ativos que comprou na venda de emergência da Petrobras no ano passado para se transformar em um dos principais produtores de gás natural da Argentina.

Seu foco serão os depósitos de tight gas que a Pampa comprou da Petrobras porque atualmente eles são mais rentáveis do que os ativos de xisto da gigantesca formação de Vaca Muerta, na Patagônia, também incluídos na transação.

"Queremos ser um dos participantes fundamentais de tight gas", disse o presidente Marcelo Mindlin, em entrevista na sede da Bloomberg em Nova York. Atualmente, a Pampa produz 25 por cento do tight gas da Argentina, disse Mindlin.

Apesar de que para reverter a dependência da Argentina das importações de gás seja crucial aumentar a produção em Vaca Muerta, o segundo maior campo de gás de xisto do mundo, atualmente é mais barato explorar os depósitos de tight gas que vieram com a compra da Petrobras Argentina no ano passado, disse o gerente-geral Ricardo Torres. A transação fez parte de mais de US$ 13 bilhões em vendas de ativos da Petrobras nos últimos dois anos para reforçar suas finanças.

Para financiar sua expansão, a Pampa está pronta para oferecer até US$ 1 bilhão em títulos de cinco a dez anos nos mercados internacionais neste mês, disse Mindlin. O arrecadado também permitirá que a Pampa pague um empréstimo-ponte que financiou a aquisição da Petrobras Argentina por US$ 890 milhões. A Pampa não venderá mais dívida neste ano após essa emissão, disse ele.

Vaca Muerta

Mesmo ancorando sua estratégia de hidrocarbonetos no tight gas, a empresa irá perfurar seu primeiro poço de gás de xisto neste ano em Vaca Muerta com a XTO Energy, da Exxon Mobil, disse Mindlin. A Exxon tem uma joint venture com a Pampa no bloco Parva Negra Este de Vaca Muerta, disse por e-mail Suann Guthrie, porta-voz da Exxon. A Exxon vai perfurar a seção horizontal de um poço já perfurado e as operações voltarão à Pampa após a conclusão. Guthrie não quis comentar os custos do projeto.

A Pampa controla 18 por cento da área de Vaca Muerta após ter adquirido a Petrobras Argentina. Seria possível continuar trabalhando com a XTO em projetos de gás de xisto na formação que ainda estão sendo pesquisados, disse Mindlin.

Esses projetos poderiam receber impulso após o presidente Mauricio Macri ter anunciado na terça-feira um acordo com sindicatos. Eles fizeram concessões para incentivar investimentos em gás em Vaca Muerta. "Definitivamente esse acordo com os sindicatos vai reduzir o custo", disse Mindlin.

Da mesma forma, Mindlin disse estar satisfeito com outra das políticas energéticas de negócios de Macri para aumentar as tarifas de eletricidade e gás para os consumidores. A Pampa é dona da empresa de transmissão Transener e da distribuidora Edenor.

"É uma mudança muito, mas muito grande em relação ao que vinha acontecendo nos últimos 15 anos", disse ele. "Estamos muito animados."