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Como investir na Era Trump, do ponto de vista de um banco sueco

Hanna Hoikkala

30/01/2017 09h34

(Bloomberg) -- A história recente sugere que não compensa esperar o pior toda vez que um choque político abala os mercados.

Michael Livijn, estrategista-chefe de investimentos do Nordea Bank e responsável por recomendações que direcionam cerca de US$ 100 bilhões, avisa: não espere um banho de sangue se as eleições na Europa neste ano deflagrarem uma onda populista como a que levou Donald Trump até a Casa Branca. Isso porque a fadiga em relação às crises leva a correções cada vez mais rápidas no mercado.

"O mercado demorou três dias para superar o Brexit, no caso de Trump, demorou três horas e da eleição na Itália, levou três minutos", disse Livijn em entrevista em Estocolmo na quarta-feira.

Na Europa, "acreditamos que o prêmio de risco político é ligeiramente alto demais" neste momento, ele disse. A próxima data importante no calendário político europeu é 15 de março, com eleições gerais na Holanda. Um mês depois é a vez da segunda maior economia da zona do euro, com o primeiro turno da eleição presidencial na França. Marine Le Pen, da Frente Nacional e defensora da saída da zona do euro, está praticamente empatada com o candidato republicano François Fillon, segundo a pesquisa de intenções de voto para o primeiro turno que a Ipsos Sopra Steria publicou em 19 de janeiro.

Diante do quadro atual, o Nordea entende que uma vitória de Le Pen resultará em menor reação do mercado do que um resultado que reafirma o status quo.

"A grande pergunta de curto prazo obviamente é Marine Le Pen", disse Livijn. "O suspiro aliviado do mercado se Le Pen não vencer provavelmente será maior do que o choque se ela ganhar, tudo o mais constante."

Neste mês, o Nordea afirmou que está com peso acima do proporcional em ações globais, apostando que essa classe de ativos terá desempenho superior. Para Livijn, em vez de analisar as questões básicas, os investidores podem perder o foco com choques cujos desfechos são, por definição, imprevisíveis.

"Não esqueça os fundamentos", ele alertou. "É fácil simplesmente procurar o próximo problema."

Ele também não se deixou abalar pelos eventos no Reino Unido, que tenta encontrar uma trajetória jurídica para sair da União Europeia.

O parlamento britânico conseguiu apoio do tribunal superior para ter mais poderes no Brexit e, assim, o risco de um processo de divórcio prolongado aumentou. Para o estrategista do Nordea, neste caso também os investidores precisam manter a concentração nos números.

"Não será positivo se demorar muito", disse Livijn. "Mas acho errado presumir esse atraso. Os fundamentos no Reino Unido são muito bons, portanto os temores parecem um pouco exagerados."

Nos EUA, Livijn entende que os planos de infraestrutura de Trump enfrentarão diversos obstáculos burocráticos e práticos.

"Não espere que aconteça nada neste ano, nem no próximo, nem no ano seguinte", ele disse. "Não há recursos direcionados para infraestrutura no estágio atual."

Em vez disso, ele acha que os investidores devem considerar mais seriamente a reforma tributária proposta pelo presidente americano. Isso será a "coisa mais importante", segundo ele.