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Papel de motor da Europa começa a frustrar a Alemanha

Carolynn Look

30/01/2017 12h26

(Bloomberg) -- A Alemanha está amaldiçoada por sua própria força econômica.

Durante oito anos, a nação de 83 milhões de habilitantes foi o motor de crescimento da zona do euro. Agora, ela está na vanguarda da reflação do bloco monetário - os primeiros dados desta segunda-feira mostraram aumentos de mais de 2 por cento nos preços anuais em alguns estados - e a insatisfação com o Banco Central Europeu se transformou em indignação.

Os críticos e a mídia estão criticando duramente a posição monetária da instituição - definida para apoiar não apenas a Alemanha, mas toda a região de 19 países - enquanto os partidos importantes lutam para conter uma onda de populismo antes da eleição nacional. O ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, alertou que uma alta da inflação poderia causar "problemas políticos" e as autoridades monetárias alemãs estão instando seus pares a planejar uma estratégia de saída do estímulo não convencional.

"As críticas ao BCE na Alemanha certamente vão acelerar na segunda-feira", disse Carsten Brzeski, economista do ING-DiBa em Frankfurt. "Essa é uma discussão totalmente exagerada - se você tiver uma inflação básica de cerca de 1 por cento na Alemanha, não há motivo para se preocupar."

Advertências

Economistas e políticos alemães importantes são francos em suas advertências de que o estímulo monetário está indo muito longe, mesmo que a inflação seja impulsionada acima de tudo por custos da energia que o BCE não pode controlar. Os banqueiros centrais da Alemanha estão pressionando seus pares para que haja uma discussão sobre como normalizar a política de maneira mais sutil.

Nesta semana, uma sequência de dados fornecerá uma atualização sobre o crescimento, a inflação e a confiança na economia da zona do euro.

Domínio

Qualquer melhoria nos dados da região também refletirá o domínio econômico da Alemanha. O país impulsionou a recuperação desde a crise financeira de 2008 e mitigou a recessão dupla de 2012 e 2013 após a crise da dívida. Mas um crescimento mais rápido acarreta uma inflação mais veloz.

O presidente do BCE, Mario Draghi, tentou tranquilizar as preocupações dos alemães afirmando que o constante apoio à economia da zona do euro com taxas de juros baixas e aquisições de ativos é do interesse do país e que a inflação está longe de ficar fora de controle.

"Os salários na Alemanha têm crescido moderadamente nos últimos anos, mas isso não provocou nenhuma pressão ascendente de importância sobre o núcleo de inflação alemão, e realmente não vejo que isso vá mudar neste ano", disse Andreas Rees, economista do UniCredit Bank em Frankfurt. "Eu realmente não vejo nenhum grande risco de inflação."