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Cobalto sai das sombras e vira nova estrela da Glencore

Mark Burton

08/03/2017 14h27

(Bloomberg) -- O cobalto está tendo um momento de glória. Historicamente um produto derivado e secundário da extração de cobre e níquel, o metal é um ingrediente fundamental para as baterias de íon de lítio e agora rende cada vez mais dinheiro para a Glencore.

Nos últimos oito meses, os preços mais que dobraram pela especulação de que a oferta não suprirá a demanda por baterias em carros elétricos. A Glencore, a maior produtora de cobalto, planeja praticamente dobrar a produção até 2018, e somente o carvão, o cobre e o zinco oferecem mais impulso aos resultados quando os preços aumentam.

O cobalto, cuja oferta é abundante há anos, costumava ser tratado como um produto secundário nas minas de cobre e níquel onde se encontra. Hoje, a demanda pelo metal extraído principalmente na República Democrática do Congo está crescendo muito, à medida que ele passa dos celulares para baterias maiores em veículos elétricos e casas.

Na Glencore, o cobalto está "começando a fazer uma grande diferença nos resultados" e ajudando a diminuir os custos em sua maior unidade de mineração de cobre, disse Tyler Broda, analista da RBC Capital Markets em Londres, em entrevista por telefone. "Agora, a divisão de cobre da Glencore é uma das mais bem posicionadas do mundo em termos de custos, e subprodutos como o cobalto tiveram muito a ver com isso."

Cada mudança de 10 por cento no preço do cobalto afeta os resultados da Glencore antes de juros, impostos, depreciação e amortização em cerca de US$ 150 milhões, segundo analistas do Barclays, entre eles Ian Rossouw. Se os preços subirem mais 50 por cento e a Glencore atingir suas metas de produção até 2019, cerca de US$ 2,2 bilhões se somariam aos resultados anuais, disseram eles em um relatório publicado em 1º de março.

O mercado de cobalto registrou no ano passado o primeiro déficit desde 2009, segundo a Darton Commodities, uma trading de cobalto com sede em Guildford, Reino Unido. O grupo prevê que os déficits vão aumentar porque estima-se que as vendas anuais de veículos movidos a bateria subirão das atuais 750.000 unidades para 13 milhões em 2020.

O cobalto avançou mais de 50 por cento neste ano na LME, para US$ 50.750 por tonelada na terça-feira.

Superaquecimento

Alguns analistas alertam para o risco de superaquecimento no mercado de cobalto. Os déficits "sem dúvida" sustentam o aumento de preço ao longo do ano, mas existe o risco de que a desaceleração da demanda e as vendas realizadas por hedge funds possam reduzir os preços no segundo trimestre, segundo Edward Spencer, consultor sênior da CRU.

Isto não detém Bob Mitchell, membro administrativo da Portal Capital em Tualatin, Oregon, que começou a comprar o metal físico para seu Green Energy Metals Fund quando os preços não chegavam a US$ 24.250 por tonelada. Mitchell considera que o mercado continua barato em relação às médias históricas e projeta que os preços estarão mais altos nesta época no ano que vem, disse ele.

O cobalto é "definitivamente uma commodity que está aproveitando seu momento de destaque", disse o diretor financeiro da Glencore, Steve Kalmin, a analistas em uma teleconferência no mês passado.